25 novembro 2025

Polémica com o 25 de novembro

Confesso que não estava a planear abordar este tema hoje, até tinha outro texto preparado, mas umas declarações que ontem ouvi a João Ferreira fizeram-me sair do sério. Segundo ele, no 25 de novembro saiam vitoriosos forças não democráticas… e que a data foi um revés para o processo “democrático”. A sério?

Portanto, Conselho da Revolução, pactos MFA-partidos que condicionavam os partidos democraticamente sufragados, cercos à Assembleia Constituinte, mandatos de captura em branco e outros tropelias lideradas por quem nas eleições tinha tido (PCP+MDP+ resto) menos de 20%, isso sim era respeitar a democracia! Ou, para os comunistas, democratas com direitos plenos são apenas aqueles que votam em nós? Os restantes são reacionários. fascistas, lacaios de imperialistas, neoliberais e extrema-direita, todos gente a desqualificar e obstáculos no caminho para a “verdadeira democracia, a nossa”?

Se dúvidas houvesse, nas eleições presidenciais seguintes de 1976 os vencedores (não democratas?) do 25 de novembro (Ramalho Eanes + Pinheiro de Azevedo) tiveram 75% dos votos.

Que os comunistas e a esquerda radical não tenham digerido, nem nunca conseguirão digerir o fim do PREC, entende-se. Que uma parte significativa do PS alinhe nestas histórias deve fazer Mário Soares, e outros socialistas da época, dar umas voltas no túmulo. A origem desta revisão está naturalmente na geringonça Costista, que para alcançar o poder, inventou uma frente de esquerda que de coesão, pelo menos em 1976, tinha muito pouca. Se hoje tem, duvido, pelo menos a nível do eleitorado de base do PS. Que se faça polémica e que tente reescrever a história quem nisso está interessado é um pouco natural. Que não haja uma larga reação a dizer “deixem-se de tretas” e de estórias pseudo-democráticas, isso é que me surpreende.

1 comentário:

jorge neves disse...

Para mim que naquela altura tinha 35 anos e era politicamente ativo, as leituras que muita gentinha faz dos acontecimentos que antecederam o 25 de Novembro fazem-me rir.Lamento que não se recordem figuras fundamentais como Pires Veloso e Jaime Neves, mas se calhar não dá muito jeito.