17 novembro 2025

Um ativo em 2ª mão


Imaginem que alguém trespassa um stand de venda de automóveis em 2ª mão e diz ao comprador. Têm aí 50 automóveis, que valorizamos a 100 mil euros, mas não sabemos bem o seu estado. Vamos contabilizar a venda a 100 mil euros e se depois os vender por menos, assumimos e pagamos a diferença.

Neste contexto estão a ver o novo proprietário motivado a tentar vender os automóveis pelo melhor preço e obter os 100 mil euros? Claro que não, está pouco preocupado com isso, porque a receita está garantida. Aqui ainda estamos num domínio minimamente honesto.

Se passarmos à desonestidade, então o senhor esperto irá vendê-los a um amigalhaço, ou a si próprio indiretamente, por 20 mil, para depois revender por 80 ou 100, ficando com algum “lucro” no negócio, à custa do inocente que montou este negócio, com todo o risco do lado dele.

Imaginamos agora que não é um simples stand com um stock de automóveis, mas uma instituição financeira com um stock de créditos e de imóveis? Os mesmos riscos estão lá, apenas a escala é diferente. Acrescentemos que o vendedor, o tal que compensa a diferença, é o Estado Português, todos nós?

Será um pouco escandaloso, não? Foi e está a ser o caso da privatização do Novobanco. Estava-se mesmo a ver que isto ia acabar como estamos a ver nas notícias, não?

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