Se nada me falhou, acima está a lista de debates (duelos?)
previstos para as próximas eleições presidenciais, aparentemente 28. Julgo que
a partir da dúzia, no máximo, ninguém mais trará nada de novo, para lá, naturalmente,
de alimentar os comentários e as sentenças na comunicação social e nas redes sobre
quem venceu quem e porquê.
Para lá desta overdose, parece-me que há outro problema. Do
que vi e li até agora, fico com dúvidas de que muitos candidatos não saibam ou
não queiram saber o que é a função presidencial. A confusão é especialmente
proporcionada por André Ventura, que fala como se estivesse a concorrer a
primeiro-ministro, pelo menos fala da mesma maneira como falou quando a esse
lugar concorria. Não é o único com veleidades legislativas, mas é o mais evidente,
até pela sua presença direta nas duas eleições.
O Presidente não governa. Se quisermos uma analogia futebolística,
o Presidente é uma espécie de árbitro, que vela para que as regras do jogo sejam
cumpridas. Apresentará os amarelos e os vermelhos quando necessário, mas não
opina sobre se a tática deve ser 4-3-3 ou 4-1-4-1 ou se o Manuel deve jogar à
esquerda ou à direita. O jogo legislativo nasce e é decidido no Parlamento, objeto
de outro ato eleitoral.
Estamos a escolher uma pessoa, não um programa. É importante
conhecer o que ele pensa, a sua bagagem, a sua resiliência face a situações de tensão,
enfim a sua personalidade, integridade e capacidade para cumprir a função a que
se candidata. Não o queremos ouvir propor como se poderá resolver os problemas
da saúde, da justiça ou da habitação, já que não será sufragado para isso, nem
para isso terá poderes. Não me interessa ouvir a repetição fácil dessas cassetes
de boas intenções, que pouco acrescentam. Preferiria saber algo sobre
pessoa, que livros leu, que filmes prefere e como percepcionou e interpreta acontecimentos
históricos relevantes, enfim, a sua cultura, mas o caminho raramente entra por
aí e para esse objetivo talvez se dispensassem os 28 duelos.

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