Pelas práticas habituais na abreviação dos nomes, o senhor devia ser conhecido por José de Sousa, mas, assim como Albuquerque vale mais do que Silva, Sócrates, mesmo em nome próprio, supera de longe o Sousa. Sim, estou a falar de um ex-primeiro ministro que anda há vários anos a destratar e a humilhar a justiça portuguesa, pondo em causa o Estado de direito.
Evoca-se que o nosso código penal é demasiado generoso nas
garantias asseguradas aos acusados e que estes com fundos e bons advogados conseguem
fazer longas gincanas processuais, fragilizando e destruindo os processos no
fundo e nos prazos. Sabemos que um código não se muda num dia, mas quais as
iniciativas tomadas, entretanto, para evitar futuras gincanas socráticas? Acha-se
que está mal, mas não se avança para corrigir. Falta de capacidade, coragem ou
de vontade?
Até que ponto o aparelho judicial faz sempre tudo o
necessário para ser eficaz e justo, mesmo com o generoso código existente? Sobre
a delirante decisão instrutória de Ivo Rosa nesta operação Marquês, que motivou
tanta bondade?
Quando lemos os detalhes da operação Lex e, ainda por cima,
vemos um juiz do supremo a ser investigado por um procurador, o tal em tempos nomeado
para procurador europeu com um CV adulterado, não ficamos muito tranquilos.
Tudo parece, e o parecer pode ser o que é ou não, existir
uma elite que se defende mutuamente à sombra de cartões partidários ou de outra
filiação eventualmente mais discreta. Quando este nível não se consegue
regenerar e inspirar confiança à população, não sei se virá um ou três
sucedâneos de Salazar, mas a prazo uma rutura torna-se inevitável e não será
bonito.

Sem comentários:
Enviar um comentário