25 abril 2024

50 anos…


50 anos, é muito tempo. O 25 de abril é hoje uma data consensual na importância que teve para o país e na enorme diferença entre o antes e o depois. Menos consensual será a forma como é vista por cada um.

Certamente que mais importante do que apenas celebrar ou lamentar o que foi ou não foi feito, será refletir sobre o que se pode aprender e hoje fazer. O 25 de abril não foi um bilhete de lotaria premiado, que, lamentavelmente, alguém se esqueceu de reclamar a totalidade do prémio e agora choramos o que se perdeu no caminho.

O regime caiu prontamente, de podre, e podemos questionar como conseguiu sobreviver tanto tempo e atingir tamanha decadência. Não foi a luta dos antifascistas, que correram riscos em maior ou menor intensidade, que o atirou ao chão. A sociedade civil na sua larga maioria, com maior ou menor desconforto, não teve força nem empenho suficientes para o pôr em questão.

A revolução teve na causa próxima uma reivindicação de carreira dos capitães e encontrou largo apoio numa população saturada por uma espada de Dâmocles sobre a cabeça dos seus filhos, de uma guerra de baixa intensidade, mas de longa duração, que o regime se mostrou incapaz de resolver.

Hoje, vivemos um certo sentimento de podridão nas instituições e não queremos vê-la resolvida por capitães nem conselhos de revolução, nem tão pouco por irrefletidos e irresponsáveis populistas, assumidos ou disfarçados,

Hoje o “25 de abril” de que necessitamos é da exigência dos cidadãos face às instituições, para evitar a degradação do regime. Não se trata com (apenas) festas e flores uma vez por ano, mas que se celebre o 1974, vale sempre a pena. 

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