50 anos, é muito tempo. O 25 de abril é hoje uma data consensual
na importância que teve para o país e na enorme diferença entre o antes e o
depois. Menos consensual será a forma como é vista por cada um.
Certamente que mais importante do que apenas celebrar ou
lamentar o que foi ou não foi feito, será refletir sobre o que se pode aprender
e hoje fazer. O 25 de abril não foi um bilhete de lotaria premiado, que, lamentavelmente,
alguém se esqueceu de reclamar a totalidade do prémio e agora choramos o que se
perdeu no caminho.
O regime caiu prontamente, de podre, e podemos questionar como
conseguiu sobreviver tanto tempo e atingir tamanha decadência. Não foi a luta
dos antifascistas, que correram riscos em maior ou menor intensidade, que o atirou
ao chão. A sociedade civil na sua larga maioria, com maior ou menor
desconforto, não teve força nem empenho suficientes para o pôr em questão.
A revolução teve na causa próxima uma reivindicação de carreira
dos capitães e encontrou largo apoio numa população saturada por uma espada de Dâmocles
sobre a cabeça dos seus filhos, de uma guerra de baixa intensidade, mas de longa
duração, que o regime se mostrou incapaz de resolver.
Hoje, vivemos um certo sentimento de podridão nas
instituições e não queremos vê-la resolvida por capitães nem conselhos de revolução,
nem tão pouco por irrefletidos e irresponsáveis populistas, assumidos ou
disfarçados,
Hoje o “25 de abril” de que necessitamos é da exigência dos cidadãos face às instituições, para evitar a degradação do regime. Não se trata com (apenas) festas e flores uma vez por ano, mas que se celebre o 1974, vale sempre a pena.
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