14 abril 2024

Eu sou Israel

Eu sou Israel e isto não significa estar de acordo com toda a política e atuais políticos no poder no país. É pena que Netanyahu não seja um Yatzhak Rabin, mas foi eleito, será reeleito ou não, julgado se necessário e é possível no país haver manifestações contra o governo sem riscos para a vida económica ou física de cada um.

O conflito com os palestinianos eterniza-se, Israel não é inocente, mas tão pouco o principal responsável. Se em 1949 os “amigos” árabes tivessem permitido a constituição de um estado palestiniano em vez de terem ocupado os territórios, há muito que o assunto estaria encerrado. Mas não. Enquanto os judeus deslocados se integraram no novo estado hebreu, os palestinianos foram colocados em campos de refugiados, já lá vão 3/4 de século! Após um certo tempo razoável, os refugiados retornam se houver condições ou integram-se. Não há justificação racional para permanecem geração após geração assim confinados. Em quantas dezenas de processos, pós-queda dos grandes impérios e constituição de estados nação mais ou menos homogéneos houve deslocações de populações da mesma amplitude e hoje os processos estão cicatrizados?

 Se o Hamas não tivesse sido criado e boicotado o processo de paz em curso, talvez hoje não houvesse guerra. Governando Gaza “tranquilamente”, sem invasor presente, desde 2005, o que é que o Hamas organizou para o martirizado povo palestiniano? Guerra, culminando no vergonhoso ataque de 7/10/2023.

Porque é que a brutalidade da Arábia Saudita no Iémen desde 2015 não suscitou especiais reações, porque é que quando a Rússia arrasou parte da Síria para travar um movimento terrorista, causando largas dezenas de milhares de mortos, isso não casou indignação?

Porque este confronto não é entre mesquitas e sinagogas. Já agora, em Israel existem muçulmanos, mesquitas e partidos árabes representados no Knesset e o recíproco nem de perto nem de longe. O confronto em torno de Jerusalém é entre dois modelos de sociedade e governo. Entre as democracias liberais, onde as pessoas são livres, busca-se a prosperidade e as mulheres não são seres de segunda e as ditaduras repressivas.

Sem pretender justificar ou desculpar todas as reações de Israel, que de certa forma caiu na armadilha que o Hamas preparou em 7/10, este processo não cicatriza porque cada vez que disso se aproxima, alguém vem provocar a reabertura da ferida.

Os drones que passaram a última noite sobre Jerusalém são os mesmos que se lançam sobre Kyiv. A luta é a mesma e eu estou claramente do lado dos países em que os cidadãos (e cidadãs) têm voz e liberdade para a usar.

 

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