Eu sou Israel e isto não significa estar de acordo com toda
a política e atuais políticos no poder no país. É pena que Netanyahu não seja
um Yatzhak Rabin, mas foi eleito, será reeleito ou não, julgado se necessário e
é possível no país haver manifestações contra o governo sem riscos para a vida
económica ou física de cada um.
O conflito com os palestinianos eterniza-se, Israel não é
inocente, mas tão pouco o principal responsável. Se em 1949 os “amigos” árabes
tivessem permitido a constituição de um estado palestiniano em vez de terem
ocupado os territórios, há muito que o assunto estaria encerrado. Mas não. Enquanto
os judeus deslocados se integraram no novo estado hebreu, os palestinianos
foram colocados em campos de refugiados, já lá vão 3/4 de século! Após um certo
tempo razoável, os refugiados retornam se houver condições ou integram-se. Não há
justificação racional para permanecem geração após geração assim confinados. Em
quantas dezenas de processos, pós-queda dos grandes impérios e constituição de
estados nação mais ou menos homogéneos houve deslocações de populações da mesma
amplitude e hoje os processos estão cicatrizados?
Se o Hamas não
tivesse sido criado e boicotado o processo de paz em curso, talvez hoje não
houvesse guerra. Governando Gaza “tranquilamente”, sem invasor presente, desde
2005, o que é que o Hamas organizou para o martirizado povo palestiniano? Guerra,
culminando no vergonhoso ataque de 7/10/2023.
Porque é que a brutalidade da Arábia Saudita no Iémen desde
2015 não suscitou especiais reações, porque é que quando a Rússia arrasou parte
da Síria para travar um movimento terrorista, causando largas dezenas de
milhares de mortos, isso não casou indignação?
Porque este confronto não é entre mesquitas e sinagogas. Já
agora, em Israel existem muçulmanos, mesquitas e partidos árabes representados
no Knesset e o recíproco nem de perto nem de longe. O confronto em torno de Jerusalém
é entre dois modelos de sociedade e governo. Entre as democracias liberais,
onde as pessoas são livres, busca-se a prosperidade e as mulheres não são seres
de segunda e as ditaduras repressivas.
Sem pretender justificar ou desculpar todas as reações de Israel,
que de certa forma caiu na armadilha que o Hamas preparou em 7/10, este
processo não cicatriza porque cada vez que disso se aproxima, alguém vem provocar
a reabertura da ferida.
Os drones que passaram a última noite sobre Jerusalém são os
mesmos que se lançam sobre Kyiv. A luta é a mesma e eu estou claramente do lado
dos países em que os cidadãos (e cidadãs) têm voz e liberdade para a usar.
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