Algures no Médio Oriente, para dominar uma sublevação e um movimento terrorista, uma cidade é fortemente bombardeada, causando a morte de milhares de civis inocentes. Falamos de Gaza em 2023? Sim, mas não só. Poderíamos estar também a falar de Alepo, arrasada por bombardeamentos russos em 2016. A bandeira dos aviões era diferente, mas as bombas e as vítimas nem tanto.
O que foi muito diferente foi a reação e as manifestações de
apoio e repúdio por este mundo fora, como se as bombas russas, para muitos,
fossem toleráveis face ao mal em causa e as israelitas não. Esta flagrante
diferença de critérios ajuda a explicar em parte porque este conflito não acaba
e a causa palestiniana é para muitos bastante conveniente. Temos de um lado os
ocidentais antiocidentais, para os quais o sistema económico e social de Nova
Iorque, Londres, Roma, Lisboa ou Telavive é maléfico e, por oposição de
princípio, apoiam o inimigo do inimigo. Se bem que, no fundo, não me pareçam
muito motivados a irem mesmo viver para os outros sistemas alternativos de
Moscovo, Teerão, Pequim ou Pyongyang.
Do outro lado estão os verdadeiramente defensores desses
regimes alternativos, que odeiam (e invejam?) o ocidente e os seus valores.
Estes são mais perigosos e consequentes. Não desvalorizando as desgraças em
curso naquela zona do planeta, convém não misturar as causas e confundir as
leituras. O primeiro passo para encontrar soluções é ler corretamente o
enunciado.
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