No rescaldo da II Guerra e com a memória fresca das atrocidades sofridas pelos judeus na Europa, foi decido dar-lhes uma pátria. Curiosamente, Angola até já tinha sido equacionada anteriormente para esse objetivo, no início do século XX.
Historicamente a Palestina era o seu berço. David, Salomão,
Herodes, só para referir alguns nomes históricos ali tinham reinado e deixado o
seu legado. A região, durante longo tempo integrada no império Otomano, ficara
sob administração britânica depois do desmembramento daquele, no final da I
Guerra, e consequente partilha do Médio Oriente.
Em 1947 a ONU decidiu a divisão da Palestina entre judeus
que chegavam e árabes que já lá estavam. Obviamente que implicava um rearranjo,
questionável, mas nada de enorme nem brutal comparado com o que se viu, por
exemplo, na Polónia que se deslocou uns bons kms para oeste no final da II
Guerra ou com outros pós-guerras.
O que se passou a seguir foi que os árabes, palestinos e dos
países vizinhos, não aceitaram de todo a instalação de Israel e declararam-lhes
guerra com o objetivo de “atirar os judeus ao mar”. Estes conseguiram resistir,
ganharam essa guerra e ainda infligiriam uma humilhante derrota em 6 dias, em
1967. Como é das “leis e das práticas”, quem ganha a guerra, ganha e Israel foi
ganhando território, Sinai, Montes Golan e Cisjordânia. Após a guerra do Yom
Kippur de 1973, também ganha por Israel, mas de forma mais honrada para os
árabes, veio a paz com o Egito, a grande potencia regional e líder do movimento
árabe.
Saltando detalhes, as relações com os países vizinhos
normalizaram-se e mesmo com a OLP/Fatah iniciou-se um diálogo, … mas nasceu um confronto
entre palestinianos. A partir de 2007 há uma divisão clara entre a Cisjordânia
governada pela Fatah e a faixa de Gaza controlada pelo Hamas, dois mundos muito
diferentes.
As barbaridades realizadas no passado dia 6/10, foram feitas
pelo Hamas e o curioso é que a Cisjordânia, mesmo tendo mais capital de queixa
contra Israel pelos polémicos colonatos, não aderiu. Se esta população se
tivesse levantado em massa, em solidariedade, teria sido muito, muito
complicado.
Agora Israel quer atirar o Hamas ao mar e face às
barbaridades feitas eles não merecem a mínima compreensão ou tolerância (só
mesmo doentes cegados pelo ódio anti-ocidental/anti-americano podem evocar um
rasto de justificação). O problema é que física e mentalmente uma boa parte dos
2 milhões dos habitantes de Gaza estão fundidos com esse movimento. Não é
possível atirá-los todos ao mar…
Duas sugestões:
- Face à penúria de bens essenciais que afeta o
território, os seus “responsáveis” podiam trocar a compra dos rockets por
alimentos e medicamentos de que a sua população tanto necessita.
- Os financiadores do Hamas, provocadores indiretos, mas fortemente responsáveis por estas atrocidades, mostrarem solidariedade para lá da financeira (a tal que vai para os rockets). Abram os seus países para receberem uma boa parte dos palestinianos desesperados. Seria bonito...
1 comentário:
Parabéns pela síntese e pelo rigor histórico. Gostei e identifico-me com o texto.
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