Nestes tempos de bárbara agressão da Rússia à Ucrânia, refere-se por vezes o precedente da grande fome dos anos 30, imposta pela URSS stalinista, e que resultou na morte terrível de “alguns” milhões de ucranianos.
Do que me foi dado ver e ler, parece-me que este processo não
foi uma repressão política, mas “simplesmente” o resultado da soma da falência
do modelo de produção coletivo com a desumanidade criminosa do sistema
stalinista. Começando por aqui, todos sabemos, se quisermos saber, que para
Staline, matar gente era absolutamente irrelevante, face aos seus desígnios e
caprichos. Hitler matou judeus porque os achava malignos, ao menos tinha um
mínimo de “justificação” *; Staline matou provavelmente mais, compatriotas seus,
por um sim por um não e às vezes mesmo por nada de concreto. Foi de uma
barbaridade e desprezo pela vida humana sem paralelo.
Quanto ao outro fator, o da coletivização, nos amanhãs
comunistas não havia propriedade privada. Todos aqueles que possuíam e cultivavam
terras foram perseguidos, forçados à coletivização ou deportados. Como
resultado previsível, isto não funcionou e a produção de cereais caiu a pique. Consequência muito “lógica” foi decretado ser obrigatório produzir e o pouco que a
desorganização conseguia gerar era confiscado, não deixando de todo o mínimo
necessário para a subsistência dos camponeses. Cada grão escondido era
confiscado. Isto foi aplicado a todos as zonas agrícolas da URSS, incluindo a
Ucrânia.
Este livro, acima representado, conta vários testemunhos
horríveis e bárbaros de gente sem amanhã, morrendo e vendo morrer os seus de
forma terrível e desesperada, vítimas de um sistema falido. O espantoso é que
um século depois e sem um único caso de sucesso a registar, ainda haja quem
continue a achar que o sistema na teoria está correto e o problema está apenas
na implementação prática! Mudem de religião, por favor…
* nota posterior em 20/10
Para
que não fiquem dúvidas possíveis de interpretação. Hitler e os nazis cometerem
crimes hediondos sem justificação, objeto de julgamento no pós-guerra e cujos propósitos
são ainda criminalizáveis hoje em dia. No entanto, na sua cabeça havia uma lógica
e um objetivo, daí a palavra “justificação”. Para eles os judeus não eram
alemães “de gema”.
Os crimes Stalinistas, se bem que alguns contra opositores
ao regime e daí com alguma “lógica”, muitos foram arbitrários e gratuitos. É o
caso de todos estes milhões de camponeses, seus compatriotas, condenados à
morte apenas porque lhes impuseram um sistema ineficiente.
No final, um ou milhões de mortos inocentes, serão sempre mortos
inocentes, mas enquanto Hitler chacina judeus por os considerar indesejáveis,
Stalin impõe um regime de terror cuja autoridade passa por matar o seu próprio povo
como e quando lhe apetece sem sequer precisar de “justificar”.
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