30 maio 2018

Trumpalhar


Mais do que os “princípios” e o estilo provocatório, Donald Trump está a demonstrar uma enorme impreparação e quem o aconselha ou não sabe ou não consegue corrigir.

Irão – Ao denunciar o acordo assinado por Obama, não irá conseguir nada de bom. Sendo “nada” uma palavra traiçoeira, não se percebe muito bem onde ele quer chegar e em beneficio de quem. Sendo inquestionável que para o mundo, o Médio Oriente e o povo iraniano em particular a normalização das relações internacionais do país é fundamental e positivo, que quer mesmo Trump? Aplicar sanções adicionais e assim conseguir amolecer o regime, forçando a negociações mais favoráveis, como, acreditava ele, com a Coreia do Norte? Depois de tantos anos de sanções à antiga Pérsia, é possível ainda acreditar que esse caminho terá sucesso? Sobre a Coreia do Norte, falamos já a seguir.

Coreia do Norte - Entendendo muito pouco de diplomacias e afins, acredito que quando alguém da dimensão do Presidente dos EUA anuncia e assume ir participar numa cimeira, há algumas regras. Em primeiro lugar, alguma proporcionalidade: por muito que um beligerante presidente de um microestado insulte e ameace os EUA, não terá naturalmente direito a “cimeira privada”. Depois, imagino que as agendas e as conclusões das cimeiras sensíveis, são preparadas e acordadas previamente, eventualmente antes de serem anunciadas sequer. Assumir publicamente a participação numa reunião dessas com tudo ou quase tudo em aberto, parece-me ser de uma infantilidade atroz e expondo potencialmente o senhor e o país que ele representa a uma enorme humilhação.

Em conclusão. Quanto ao Irão não sabe para onde vai, quanto à Coreia do Norte, não sabia onde estava.

29 maio 2018

Não perfeito, mas indispensável

Sim, muito do que se passa atualmente no Médio Oriente e vizinhanças é ainda efeito da queda do império Otomano e da extinção do último Califado. Sim, para entender o mundo de hoje é importante conhecer este declínio e desfecho. Sim, é um tema complexo que não se esgota em dois chavões nem num simples ponto de vista.

A obra de Bernard Lewis “What Went Wrong”, não sendo perfeita, é um excelente contributo para esta questão. Alguns apontarão umas passagens imprecisas ou fatos mal interpretados, outros invocarão a ausência de referência a algumas questões relevantes. Não será perfeita, não há livros sagrados neste campeonato, mas é, na minha modesta opinião, obrigatória.


B. Lewis faleceu no passado dia 19 de maio.

Lapsos e retificações


Sobre a importância relativa do lapso e o valor fundamental da retificação, uma teoria que os nossos governantes têm defendido recentemente.

1)
- Sr Guarda, é certo que, por lapso, passei no radar em excesso de velocidade, mas retifiquei logo a seguir!

2)
 - Sr Dr Juiz, devido a um lapso durante o jantar, o balão acusou, mas três horas depois já estava completamente retificado!

27 maio 2018

Feijões ambientalmente desastrosos


Sem grandes precisões da ciência económica, que não domino, uma moeda é um valor intermédio entre uma coisa que fiz ou entreguei e outra que posso obter. Terá um universo onde é reconhecida e aceite. Os feijões e as notas do monopólio têm valor apenas dentro do contexto de um jogo. Um dólar será reconhecido e aceite praticamente em todo o mundo, uma moeda não convertível pouco valerá fora do seu país emissor. Nalguns recantos, mesmo na Europa, inventaram-se moedas complementares/comunitárias que são relativamente bem aceites para pequenas transações.

Criar uma nova moeda não será difícil per si, o desafio é vê-la reconhecida num universo que se veja e isso vai depender muito da forma como é emitida e controlada.

Estou a chegar a essa coisa das “criptomoedas” e à mais famosa, o bitcoin, que me levanta algumas reflexões. A primeira, do ponto de vista tecnológico, é a robustez que a sua gestão tem demonstrado. Neste mundo onde nada parece estar a salvo das piratarias informáticas, tanto quanto se sabe e ouve a sua base tem-se mostrado bastante sólida.

 A segunda reflexão é na vertente sociológica. Como há tanta gente a reconhece-la, a acreditar e a investir nela é um mistério para mim. Simples espírito de jogo? Facilidades para pirataria fiscal e financeira?

A terceira, e aqui a coisa é mesmo grave, é a sua dimensão energética e consequentemente ecológica. A emissão de novos bitcoins (mineração??) é um processo competitivo entre computadores. O consumo energético anual de todas as máquinas que lutam pelos novos bitcoins é da escala de um país inteiro como a República Checa!!(fonte ttps://digiconomist.net/bitcoin-energy-consumption ). Este número é cerca de 1,5 vezes superior ao consumo total de energia em Portugal, tendo dobrado desde janeiro de 2018 até agora.

Falta ainda somar o consumo energético associado às restantes moedas análogas. Num tempo em que se contam para tudo, por muito e por pouco, as toneladas de CO2 emitidas, os impactos ambientais de tudo e mais alguma coisa… isto é uma BARBARIDADE!


25 maio 2018

Tenham medo


- Isto é uma chatice. Receber emails de divulgação por tudo e por nada, alguns até de entidades que mal conhecemos. Não deveria ser permitido enviar assim, sem minha autorização.

- Isto é uma chatice. Receber assim emails a pedir-me autorização para utilizarem os meus dados e poderem enviar-me emails de divulgação.

- Então…? Então lá com os algoritmos e o caraças eles deviam já saber distinguir automaticamente o que quero receber e o que não quero! Isso é que era, sem chatices.

A questão não está no algoritmo. Está em que se/quando eles souberem tanto sobre cada um para poderem fazer essa distinção, sem chatices, tenham medo, muito medo…

24 maio 2018

Tudo legal

Pode um ministro ter uma participação numa empresa? Legalmente, sim. Pode ser gestor de uma empresa privada? Legalmente, não. Portanto, se Pedro Siza Vieira tem uma quota numa empresa e, atualmente, não é gestor da mesma, está legal, certo?

Vamos desvalorizar a (i)legalidade de durante algum tempo ter sido simultaneamente ministro e gestor. Algum tribunal se pronunciará sobre o assunto.

Constituir uma empresa com a mulher na véspera de tomar posse é algo estranho. Posteriormente deixar de a gerir pode significar ficar de acordo com a formalidade, mas é ignorar a moralidade. Passou a gestão a ser assegurada pela senhora, ele nada tem a ver com esses negócios, grandes ou pequenos, e está “tudo bem”? Não, não está tudo bem, atendendo até ao objeto social da empresa.

Ao mesmo tempo um primeiro ministro fala contra a pressão imobiliária e a expulsão dos idosos dos centros históricos da cidade, numa base do “olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço”. Pode estar tudo legal, mas depois não estranhem quando a coisa começar a Trumpalhar.

23 maio 2018

Olha o robot


Começo com uma declaração de interesse e de contextualização. Sou engenheiro eletrotécnico e trabalhei durante 14 anos numa empresa, praticamente desde o início da sua atividade, que tinha a palavra “Robótica” no nome e fazia coisas programáveis, capazes de realizar sequencias de operações complexas, autonomamente. A minha área técnica foi a da programação e os sistemas dessa empresa estão instalados e a funcionar um pouco por todo o mundo.

Passando ao concreto. Tenho pouca pachorra para ouvir especular sobre robots e o admirável mundo novo que geringonças e gingarelhos, tecno-sexies, anunciam. Se uma coisa chamada robot não precisa de ter aspeto humano (veja-se o de cozinha !?), o seu impacto mediático e sociológico aumenta exponencialmente quando ele se nos assemelha. Aquele pulso imita o meu… e se lhe puserem uma simples esfera a fazer de cabeça com dois círculos a imitar uns olhos, dá logo outro dramatismo.

Substituir o trabalho de um ser humano é pressentido como uma ameaça? Sim, mas…quantas pessoas seriam necessárias num banco para fazerem a manutenção das contas se não houvesse computadores? Está bem, mas estas máquinas não têm pulsos nem cotovelos e não mexem sequer coisa que se veja. E quantas pessoas e enxadas são substituídas por um trator com um arado? Está bem, mas ele não é antropomórfico, não emula o homem. Uma dúzia de maquinetas com 2 pernas, 2 braços e uma esfera na cabeça, a levantar e a espetar uma enxada na terra, teria muito mais impacto, mesmo sendo bastante mais caro e ineficiente do que o simples e clássico trator.

A substituição do trabalho humano por maquinas terá começado com a invenção da roda, ou perto, essa evolução dá-nos qualidade de vida de que disfrutamos e ninguém imagina banir os sistemas informáticos dos bancos para reduzir o desemprego. A evolução tecnológica, contínua, tem consequências sociais e culturais que podem ser dolorosas transitória ou estruturalmente. Não acredito, no entanto, que sejam os brinquedos que nos podem, eventualmente um dia, trazer um café ao sofá que farão a diferença. Isso dá apenas excitação e uns “papers” … sexies.


Fotos de uma espécie de robots na Tabaqueira, Sintra e Banco da China, Hong Kong realizados pela Efacec.

21 maio 2018

O consenso que falta?


É consensual que a Líbia sem Khadafi ficou e permanecerá durante bastante tempo ingovernável. É consensual que o Iraque sem Saddam Hussei ficou ingovernável e veremos até quando. É consensual que Bachar Al Assad na Síria está muito longe de cumprir os mínimos em termos de respeito pelos direitos humanos e é também consensual que, caindo, iremos ter outro país ingovernável. Só para compor um pouco mais, e sem encerrar o tema, podemos acrescentar a este ramalhete Mohamed Abdelaziz da Mauritânia e Omar al-Bachir do Sudão.

Podemos recordar o consenso de que a colonização não é alternativa, não era justificável nem aceitável, apesar de… apesar do pequeno detalhe que as pessoas (não as ideias), as Pessoas, Homem, Mulheres e Crianças de muitos países viveriam hoje melhor, com mais qualidade de vida, edução e cuidados em geral sob um regime colonial do que no seu atual. Falo das Pessoas, não das Ideias.

No meio de tanto consenso fica, portanto, uma questão em aberto: como pode ser? Se decapitar o ditador não resolve, se não é aceitável deixá-lo ficar a praticar barbaridades, se a administração por terceiros não é correta, qual a solução que permita viver Dignamente as Pessoas?

Dizem que é a democracia. Pelo princípio sim, mas na prática não chega registar partidos e contar votos, enquanto não houver consistência cívica suficiente. Como se chega lá: com tempo, esforço, sensibilização, responsabilização, coisas que não estão ao alcance de um ditador nem de uma democracia imberbe. E mais não digo…

17 maio 2018

Palavras tipo words


É consensualmente considerada caricata a expressão da “casa tipo maison, com janelas tipo fenêtres”. Curiosamente essa avaliação acaba aqui e não se estende ao “tomar um copo tipo drink” ou “fazer uma formação tipo training”. Certo que a sintaxe não costuma ser assim, mas a diferenciação/valorização por dizer a coisa noutra língua é igualzinha e como se sabe, e há quem tenha cantado, são muito mais valiosas as namoradas que “até falam estrangeiro!”. 

Deixemos de lado os neologismos técnicos, por exemplo na informática, onde se demorou bastante tempo a entender e assumir que “file” podia ser ficheiro e “folder” pasta. É certo que o “byte” ainda não é octeto, mas já se evoluiu bastante. 

Não haverá por aí algum exagero na frequência e facilidade com que se passa ao inglês para realçar ou sofisticar mensagens? Se calhar, não havia necessidade de recorrer tanto a “frases tipo sentences”, com “palavras tipo words”. 

Para cúmulo irónico e sintomático, já me passou à frente dos olhos uma página supostamente patriótica, muito convenientemente apelidada de “Rise up Portugal”. Eu, no lugar desse Portugal, não me motivaria muito com um apelo assim formulado, na língua da tal Majestade, por sinal historicamente nossa aliada, mas, enfim, cada casa com a sua língua.

15 maio 2018

Crimes na Palestina


Sim, a transferência da Embaixada dos EUA para Jerusalém não foi uma decisão razoável. Sim, Trump deveria ter mantido um maior distanciamento face ao que por ali se passa, sem tomar uma posição tão alinhada com Israel. Sim a solução definitiva e sustentável para o problema só pode vir da negociação, sim, mas…se por estes dias estão a cair mortos dezenas de palestinianos, a culpa principal não é de Trump, nem sequer da (re)ação de Israel.

Imaginemos que houve um problema grave na central de Almaraz, ignorado por Espanha e aparecem, eventualmente cheios de razão, uns 20 mil portugueses excitados às portas da mesma, a forçar a entrada a todo o custo, com o objetivo de partir aquilo tudo. Imaginem as consequências e … de quem seria a culpa?

O principal responsável pelas mortes destes palestinianos é quem os incita a avançarem para a fronteira de Israel. Os israelitas não são meigos a responder, mas que poderiam fazer, deixá-los entrar? Assim, temos mortos e feridos engrossando a lista dos famosos mártires, tema sensível para as “opiniões públicas”. A “martirofilia” faz parte daquela cultura e aproveito para me interrogar sobre quando e como poderá haver uma solução negociada, quando o Hamas nem sequer se entende com a Fatah, de palestiniano para palestiniano. Veremos… mas que Mr Trump não está a ajudar, não está.


Foto Luca Piergiovanni/EPA

13 maio 2018

Glosa Crua, 13 – Tempo, 0


Treze anos no dia treze. Interessante e desafiante!

O Glosa Crua faz hoje 13 anos e como alguém diz e canta…

    “enquanto houver estrada para andar…” ,
    "...enquanto houver ventos e mar"!

10 maio 2018

Muito mau


Imediatamente após a eleição de D. Trump, era óbvio que a impreparação e os (a falta de) princípios do senhor constituíam um perigo potencial enorme. Pequena consolação seria isto acontecer nos EUA, onde há regras, cumprimento efetivo das mesmas, poderes e controlo dos mesmos, enquadrando e limitando o que mesmo um Presidente pode fazer.

Curiosamente, até hoje, foi maior a polémica com o que ele anunciou e a forma como o disse, do que o mal realmente foi feito. A decisão recente de rasgar o acordo com o Irão será talvez a sua pior e mais triste “iniciativa concreta”, pela dimensão e pelas possíveis consequências.

Para começar diz que o acordo é mau e quer melhorá-lo, dispensando-se de especificar o que quer alterar e melhorar. Estamos conversados. O objetivo real é prejudicar o Irão e diminuir a sua influência no Médio Oriente, em benefício dos seus rivais, na minha opinião muito mais as monarquias do Golfo, especialmente a Arábia Saudita, do que Israel. Este faciosismo dos EUA, para o qual pretende arrastar a Europa, é mau, muito mau…

O Irão nunca aceitará um estatuto de menoridade. Tudo o que seja forçá-lo nessa direção, apenas ajudará as fações internas mais radicais, que o querem manter como pária do mundo onde a maioria da sua população quer viver. E merecem. Os iranianos e as iranianas merecem viver com mais liberdade e a história já devia ter ensinado que não é acossando por fora que isso acontece, muito especialmente num país com a dimensão, história e personalidade da antiga Pérsia. Tem que ser por dentro e isso estava em curso.

O projeto hegemónico da Arábia Saudita agudizou o conflito Sírio, está há 3 anos a massacrar o desgraçado Iémen, tentou, sem sucesso, destabilizar o Líbano e procurou isolar e submeter os primos do Qatar. Com argumentos que talvez um dia se conheçam, empurrou Trump a destruir o processo de normalização do Irão. O preço é elevado.

PS: Será mais útil e coerente dar tempo de antena ao iluminado da Coreia do Norte!?

08 maio 2018

Gilles


8 de maio de 1982, faz hoje exatamente 36 anos. A sessão de treinos do GP de F1 da Bélgica está a terminar, mas há um piloto que quer absolutamente superar o tempo do seu colega de equipa. Os pneus de qualificação já estão gastos, mas para ele, desde que o motor trabalhe e o carro tenha rodas, os braços não baixam.

Esse piloto de combatividade inesgotável, que nunca desiste, é Gilles Villeneuve. Na corrida anterior, quando os dois Ferrari rodavam tranquilamente na frente e vieram ordens da box para abrandar, Didier Pironi ultrapassou-o inesperadamente na última volta, roubando-lhe a vitória. Uma traição inaceitável e imperdoável dentro dos princípios puros de Gilles. Agora, ele quer provar que é o mais rápido e lança-se para a pista, para tudo. Um acidente estúpido, como a maioria, com Jochen Mass em marcha lenta, faz o Ferrari levantar voo, partir-se ao tocar no solo, projetando o corpo do pequeno canadiano, que terminou ali a sua vida e a sua carreira de piloto de F1. Tinha começado no grande prémio de Inglaterra de 1977, 5 anos antes.

Gilles foi vice-campeão em 1979, disciplinadamente atrás de Jody Scheckter, piloto principal da equipa e venceu 6 grandes prémios, apenas. Numa ordenação objetiva de pilotos por resultados, Gilles não estaria no top 10 e provavelmente nem sequer no top 20. Porque deixou então tantos órfãos afetivos, porquê na Galeria Ferrari em Maranello tem mais destaque do que outros que foram mesmo campeões com os carros vermelhos? Talvez porque para lá de um piloto muito rápido, Gilles nunca desistia, nunca, e como ser humano era duma frontalidade, integridade e lealdade irrepreensíveis.

Porque, mais do que das 6 vitórias, nos recordamos de 6 outras coisas

1- De na estreia em Inglaterra 1977, a pilotar pela primeira vez um F1, modelo obsoleto do ano anterior, se ter qualificado à frente de um dos pilotos oficiais da equipa, com carro novo, top e tudo.
2- Por numa sessão de treinos à chuva nos USA em 1979, ter dado 9 segundos ao seguinte.
3- Por no Canadá 1981 ter feito a maior parte da corrida com a asa dianteira obstruindo a visão e depois desaparecida, sem reduzir tempos, como se esse apêndice aerodinâmico fosse dispensável
4- Por na Holanda 1979 ter regressado à box em 3 rodas, para nada, mas sem deixar de lutar até ao fim
5- Por em Espanha 1981, com um carro nitidamente inferior à concorrência, ter vencido, controlado um engarrafamento de 4 perseguidores, que cortaram a meta todos a menos de segundo e meio.
6- Pelo GP de França 1979 e o seu duelo épico pelo segundo lugar com R. Arnoux, coisa sem paralelo.

E também porque os grandes condutores posteriores se revelaram de mau caráter, não hesitando em provocar intencionalmente um acidente nas últimas corridas, para sujamente tentar garantir o seu título. A saber: Prost contra Senna no Japão 1989; Senna contra Prost no Japão 1990, Schumacher contra J. Villeneube (o filho…) no GP Europa de 1997.

Grande piloto, grande homem, para sempre grande Gilles!

05 maio 2018

Mais vale tarde?


Ao fim de mais de três anos, o PS entendeu e aparentemente assumiu que uma coisa é ser inocente face à lei e outra coisa é ser decente. O padrão de vida de José Sócrates após sair do governo e a forma como se financiava eram, são e serão indecentes. Deixo de lado os restantes casos de polícia que a justiça julgará. Pertencem a outro campeonato que ainda não acabou.

Da mesma forma que saber-se que um ex-ministro recebeu de uma entidade privada uma renda antes, durante e depois de estar em funções via uma offshore, não dá direito a cadeia imediata, mas o mínimo dos mínimos da decência e do respeito pelo país e suas instituições é vir a público confirmar ou desmentir. Permanecer calado pode ser juridicamente correto, mas é indecente.

Fico confuso com uma coisa: o Galamba que agora fala em “vergonha” pela situação é o mesmo que avisou J. Sócrates de que estava a ser investigado? Como neste campo da comunicação este pessoal nunca faz nada por acaso, fico curioso: o que mudou para eles mudarem?

03 maio 2018

A base de dados dos melhores, dos piores e vice-versa


Eu sei que agora com os cookies e outros cozinhados que nos fazem nos computadores e telefones, eles sabem tudo, tudo… mas…

Quando vejo mais uma declaração do melhor ou uma lista dos 10 mais qualquer coisa, por norma à escala mundial, ou os piores ou o assim, assim, não deixo de me surpreender e questionar quanto à origem de tanto conhecimento, rigorosamente escalonado. É certo que algumas ordenações, chamadas rankings para quem gosta de evidenciar modernidade, têm definidas as variáveis de base e os critérios de ponderação. Ao menos, nesses casos, podemos perceber um pouco de onde a coisa sai…

Noutros, pura e simplesmente a coisa parece vir do céu, (de um céu azul?) e ficamos a pensar como de lá terão caído, com mais ou menos trambolhões e reviravoltas. Qual o universo de onde saíram, com que método? Serão apenas fruto de umas sondagens entre amigos numa mesa do café ou entre tipo amigos de rede social?

Como me custa a aceitar existir assim tanta superficialidade sem fundamentação documentada e excluindo a simples feitiçaria, só vejo uma hipótese. Deve ,existir, algures, uma base de dados mundial, de fazer inveja aos googles, facebooks e afins, coisa que não é fácil, onde estarão registadas essas classificações e uns privilegiados irão aí buscar as tais ordenações. Tem que exsitir…! Não pode ser assim inventado à toa.