16 março 2018

Coisas proibidas


Um destes dias revi um filme “proibido”. Lolita. Não a versão do Kubrick, mas a do Adrian Lyne. Digo proibido porque os mesmos vigilantes que exigem a retirada de obras de arte de museus, supostamente imorais, certamente condenariam a exibição pública deste filme. Sei que estou a entrar em terreno minado, um pé um pouco ao lado no caminho pode dar grande confusão e mesmo uma palavra escrita para cima, pode ser lida para baixo. 

Arriscando… o filme é um bom filme, na minha modesta opinião, tecnicamente muito bem feito. Chocará certamente, mas não é de forma nenhuma uma apologia da pedofilia, nem sequer a trata com ligeireza ou a procura banalizar.

Voltando aos censores. Como definir o âmbito e os limites do moralmente correto e aceitável de passar num écran ou de se mostrar num museu. Por exemplo, há uma temática, largamente difundida, aparentemente considerada “normal!”, mas que me choca profundamente, que é a violência. Não a violência do Tom and Jerry ou do Astérix entre os Romanos. Estas estão claramente no domínio do fantástico. Refiro-me à violência urbana, brutal, quase gratuita.

A facilidade com que se vê gente, mesmo o herói “bom”, a espancar e a matar gente tem adjacente uma desvalorização da integridade física e da vida humana que, no mínimo, deveriam levantar questões. Se acharmos ser inaceitável exibir um “Lolita”, que dizer de um “Kill Bill”, sendo que existem coisas muito mais violentas do que o “Kill Bill” a circular nas tardes de domingo?

Deixando de lado estas considerações sobre a bondade ou malvadez do conteúdo, um filme, uma forma de expressão criativa, tem que ser obrigatoriamente correta, moralmente correta? E valorizar uma criação “incorreta” é do domínio da perversão? E a sua divulgação é perniciosa para a sociedade e os bons costumes?

Depende fortemente da maturidade do recetor, sendo que assumir uma menoridade generalizada dos mesmos, não resolve grande coisa.

Ficamos sem conclusões…

Sem comentários: