15 março 2008

Venha o Rei ?



Um destes dias apanhei o “Prós e Contras” a discutir Monarquia versus República. O país deve estar num estado muito melhor do que parece, para tal tema merecer tal destaque...

Não vi o programa todo, até porque rapidamente a argumentação se esgota, mas fiquei surpreendido como é possível, afinal, haver tanta gente com cabeça em cima dos ombros a defender uma coroa em cima de uma cabeça!

Só o facto de, quase de entrada, Paulo Teixeira Pinto ter apontado o exemplo de Cuba como um “contra” das repúblicas já indicou muito sobre a profundidade das bases da sua argumentação.

Fala-se muito do caso de Espanha. A Monarquia ressurgiu em Espanha num momento muito particular e delicado e teve efectivamente um contributo importante para a estabilização do país. Não é o caso de Portugal, nem é minimamente provável que um dia venhamos a estar em situação idêntica. Veremos também como ficará a popularidade da casa real espanhola quando Juan Carlos ceder o lugar a Filipe (e Letícia...).

Espremendo e espremendo não consigo encontrar uma boa razão para pensar que Portugal ficaria a ganhar algo em ter um chefe de estado da linha da casa de Bragança em vez de um democraticamente eleito. Só encontro três cenários para a defesa dessa causa. O primeiro, é o efeito de tutela. O povo é menor e sente-se mais seguro se tiver um “paizinho” estável, de “pedigree” garantido, e não ter a chatice de cada quatro anos eleger alguém, que até pode ser um qualquer deles. O segundo é, como já ouvi dizer não sei onde, que esteticamente a Monarquia é muito superior à República. Ou seja, as cerimónias que metem reis, rainhas, príncipes e princesas são muito mais imponentes e vistosas. Sim senhor, é válido para quem considerar que a chefia de Estado se situa num plano teatral ou, mais ajustado ainda, de folhetim.
Por último, e aí deverão estar enquadrados a maior parte dos senhores que foram à televisão, é uma questão de casta. É ver e defender um modelo de sociedade em que as elites não se definem pelo mérito mas sim pelo berço. È nesta linha que entra o argumento de que o rei é “apolítico”, isento das malévolas influências dos aparelhos partidários, estando por isso num nível superior ao dos plebeus que se sujeitam a eleições.

Sobre o desempenho histórico da monarquia em Portugal, há uma pergunta directa e fatal: Que rei tivemos depois de D. João II digno desse nome? Que indiquem um só! Durante toda a quarta dinastia, destaco um, D. José que, de tão nulo, permitiu que na prática tivesse governado, bem ou mal mas governado a sério, o Marquês do Pombal.

Cereja em cima do bolo, acham que a figura da fotografia representaria melhor Portugal do que os presidentes eleitos que tivemos???

2 comentários:

Anónimo disse...

VIVA DOM DUARTE PIO!
HERDEIRO DO TRONO DE PORTUGAL!
DESCENDENTE DE TODOS OS REIS DE PORTUGAL!
E AGORA TAMBÉM DESCENDENTE DE UM SANTO!

VIVA A MONARQUIA!
ABAIXO A REPÚBLICA QUE ESTÁ A DAR CABO DO PAÍS E DO POVO!

Carlos Sampaio disse...

Caro Anónimo

Descendentes de santos há muitos, não é assim um privilégio tão exclusivo. Quanto ao santo a que se refere, presumo que D Nuno Álvares Pereira, só foi santo por causa da D. Guilhermina…. com todo o mérito que isso significa.

Depois também não é descendente de todos os reis. Há rupturas de dinastia, sabia? E o problema é mesmo esse: ser descendente não garante nada, pelo contrário, é um grande risco. Sabe que a maior parte das empresas familiares que transmitem o poder pela “dinastia” falham logo na terceira geração?

E quanto à origem dos males actuais ser a república, será a sua opinião, mas claramente não sustentada nem demonstrada.