Neste último domingo Carlos Tavares bateu com a porta e
demitiu-se, ou foi delicada e determinada, direta ou indiretamente, convidado a
fazê-lo, ou um pouco das duas coisas.
O gestor que tinha salvo o grupo PSA (Peugeot e cia) da falência,
que tinha integrado a Opel e colocá-la a dar lucros depois de largos anos a
perder dinheiro, que pilotou a fusão com a Fiat-Chrysler com sucesso, gerando e
gerindo um conglomerado de 14 marcas, foi para a rua. Para a rua não literalmente
porque o belo pecúlio acumulado nestes anos deve-lhe proporcionar uns telhados
simpáticos.
A indústria automóvel, europeia em particular, está a passar
por um processo de transformação muito desafiante. Veja-se o caso da histórica
e icónica VW, verdadeiramente aos papeis. Segundo os acionistas da Stellantis,
Carlos Tavares não estaria a lidar e a gerir a transformação da melhor forma. É
possível, quem sou eu para o avaliar, e também ninguém faz tudo sempre tudo
certo.
Fica, no entanto, uma palavra de admiração. Há o enorme
sucesso da sua carreira, para não dizer extraordinário e, para lá ou por causa
disso, a carreira especifica de um homem toda a vida nos automóveis gerir uma
empresa de automóveis. Fazem-me um pouco de “espécie” os gestores todo-o-terreno,
que um dia estão a gerir uma fábrica de batatas fritas e no dia seguinte podem
estar a dirigir uma empresa de computadores.
Há certamente competências transversais e muito
especialmente no que diz respeito às qualidades humanas… mas um conhecimento
sectorial especifico vertical é/tem que ser uma vantagem. Acho eu…