Em contexto cultural fortemente monoteísta, seja de base cristã, judaica ou muçulmana, algum tipo de invocação dos méritos do politeísmo é quase crime. No passado foi mesmo crime e objeto de pesadas penas.
Efetivamente, na construção da relação do ser humano com a
transcendência, estamos habituados que o Deus único seja um dos pilares
fundamentais e inquestionáveis (e não me confundam com a Santíssima Trindade).
Se a religião serve para dar uma visão alargada da
existência, uma dimensão metafísica, elevar comportamentos e promover valores
mais altos do que os dos instintos básicos, … será que o mais “eficaz” é acreditar
e temer um Deus único, coisa simples de explicar e assimilar?
Sobre o deserto ser monoteísta e a floresta, eventualmente,
politeísta, já especulei ali atrás e uma boa parte desse texto encaixaria
neste, mas não o vou repetir.
A panóplia de Deuses Gregos (e posteriormente traduzidos pelos
romanos), dá múltiplas dimensões e motivações. Mais ricas, menos castradoras…?
A função reguladora de instintos, que a religião promove,
obriga a disciplina e, consequentemente apresenta a ameaça de castigos terrenos
ou divinos. Mas não haverá algum exagero redutor e pobreza intelectual
derivados de tanta simplicidade, rigor e severidade…?
Acredito que para muitos a religião e a fé têm uma dimensão
dogmática que vai muito para lá destas especulações racionais e heréticas.
Acredito também que outros se possam sentir perdidos e ter dificuldade em
definir uma hierarquia entre Atena e Baco…
Mas também acredito que o esforço para conseguir um mundo
melhor tem dimensões e fontes de inspiração múltiplas, divinais ou naturais,
dogmáticas ou racionais que irão para lá do receio do castigo.
Será pecado às vezes visitar o Olimpo e valorizar o que por
lá anda?
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