Pobres palestinianos de Gaza onde tantos estão a sofrer o que nenhum ser humano deveria sofrer. Mas, como dizia até o insuspeito Guterres, isto não nasceu do nada, nem começou no dia 8/10/2023. Vejamos.
Pobres palestinianos que na sequência da constituição do
Estado de Israel foram empurrados para uma guerra pelos seus vizinhos árabes.
Pobres palestinianos que após perderem essa guerra, viram a sua parte da Palestina
ocupada pela Jordânia e pelo Egito, em vez de os terem deixado constituir livremente
o seu Estado, logo naquela altura.
Pobres palestinianos deslocados que, em vez de se integrarem
no novo espaço, foram colocados ad-eternum em estatuto de refugiado, a caminhar
já para um século. Os gregos ortodoxos ameaçados que fugiram da Ásia Menor após
a formação do novo país Turquia, ainda estão em campos de refugiados do outro
lado do mar Egeu?
Pobres palestinianos de Gaza que deixados tranquilos pelos
Israelitas por quase 2 décadas, viveram numa prisão, num regime ditatorial
severo, sem liberdade de expressão, nem de contestação, donde não se podia sair
livremente, nem para o Egito, mas onde podiam entrar camiões plenos de
armamento. Pobres palestinianos que viram a larga ajuda externa servir para
preparar a guerra em vez de tentar construir a paz e promover o seu bem-estar.
Pobres palestinianos que depois das iniciativas e acordos de
paz com os países árabes e a próprio OLP sofrem agora um Hamas, que não tem um
mínimo de vontade de encontrar um apaziguamento. E, vai uma aposta, se o Hamas
acordar em calar as armas, aparecerá a seguir outra coisa qualquer para retomar
a guerra?
Pobres palestinianos que viram o Hamas organizar e
desencadear o brutal 7/10, que não teve mais propósito ou efeito do que
provocar uma reação brutal do vizinho ameaçado.
Para que fica claro, para quem leu até aqui, Israel tem fama
de responder desproporcionalmente e não está a deixar os seus créditos por mãos
alheias. Infelizmente a qualidade humana dos seus líderes não está ao nível da
dos de há umas décadas (não é só por lá), mas colocar o ónus do sofrimento
palestiniano apenas ou principalmente em Israel não ajuda a causa do povo
palestiniano.
E, já agora, uma palavra para tantos povos no mundo que
estão a sofrer tanto ou mais do que os palestinianos, sem que isso pareça ser
relevante para as opiniões publicas publicáveis.
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