Temos visto recentemente noticias sobre esta cidade e região
na Rússia, a propósito da audaz ofensiva ucraniana de fazer sentir a guerra
também na casa do outro. Ficamos na expetativa do que vai a seguir fazer Putin,
humilhado. Os arrogantes humilhados e impotentes são sempre perigosos
imprevisíveis…
Não será a primeira vez que muitos ouviram este nome. Em
agosto de 2000 um submarino nuclear russo com o mesmo nome foi vítima de uma
expulsão de um torpedo, afundando-se e matando todos os tripulantes. Uma
vintena de sobreviventes à explosão inicial acabaram também por morrer, por
incapacidade, incompetência, falta de meios e soberba da Rússia que se recusou
a ser ajudada a tempo. Na altura Putin, recém-eleito Presidente, foi criticado
pela forma arrogante e fria como geriu a catástrofe. Na altura ainda era
possível criticar.
E porque é que o submarino se chamava Kursk? Porque próximo desta cidade travou-se em
Agosto de 1943 uma grande batalha, que terminou com a vitória soviética e
marcou o fim das iniciativas alemãs na frente leste da 2º Guerra Mundial.
Talvez, para alguns russos, seja uma espécie de repetição da
“Grande Guerra Patriótica”. Em volta de Kursk haverá uma batalha entre
invasores nazis e patriotas soviéticos. Só que esta suposta repetição é já do
domínio da farsa. Para todos os que acreditavam que o fim da guerra 39-45 era
um passo irreversível no caminho da liberdade e democracia, para todos os que
nos anos 70 viram desaparecer os caudilhos ditadores do sul da Europa, para os
que em1989 viram cair o muro que amordaçava metade da Europa, para todos os que
acreditavam que mais depressa ou mais devagar o caminho tinha uma direção
clara, esta Rússia brutal e desumana veio demonstrar que esse caminho não é
assim tão irreversível.
O que está em causa não deveria ser objeto de “nem mas nem
meio mas” por parte das gentes de boa vontade, que acredito serem a maioria...
Todos aqueles que se recusam a reconhecê-lo, estão a prestar
um péssimo serviço à humanidade e trabalharem para deixarem aos próximos um
mundo pior do que o que encontraram quando chegaram.
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