Já disse aí para trás e agora repito que o Glosa Crua não vai muita nessas coisas das efemérides. Mas há sempre exceções e, como a data até foi ontem, fica justificado.
Ontem, a 26 de agosto, fez 36 anos que faleceu Carlos Paião,
com apenas 30 anos de vida. Certo que este escritor de canções nunca teve o
reconhecimento de outros “monstros sagrados”, mas, passado mais tempo da sua
morte do que o tempo da sua vida, não restam dúvidas de que há algo a
reconhecer.
Certo que as suas canções não tiveram pretensões de intervenção
social ou complexidade formal de outros autores, mas … tão pouco se podem aproximar
da básica e grosseira banalidade das canções de outras “variedades”.
Há uma simplicidade e elegância nas suas criações que não aparecem
por acaso. No caso particular das letras, que sei avaliar melhor, há apuro e o trabalho de algo que não foi feito em cima do joelho.
Por isso há festa não há gente como esta
Quando a vida nos empresta uns foguetes de ilusão
Vem a fanfarra e os miúdos, a algazarra
Vai-se o povo que se agarra pra passar a procissão
E são atletas, corredores de bicicletas
E palavras indiscretas na boca de algum rapaz
E as barracas mais os cortes nas casacas
Os conjuntos, as ressacas e outro brinde que se faz
Obrigado Carlos pela festa que quiseste fazer e por teres decidido deixado de ser médico para dares alegrias ao mundo.
E vai à nossa
À nossa beira mar
À beira Porto
À vinho Porto mar
Há-de haver Porto
Para o desconforto
Para o que anda torto
Neste navegar
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