Por estes dias irão começar os jogos paraolímpicos em Paris.
Começando por reconhecer e valorizar o empenho e o esforço
daqueles que, apesar de uma desvantagem nascida ou posteriormente recebida, não
baixam os braços e procuram ir mais longe e superar-se; continuando por louvar
a justiça que esse(a)s bravo(a)s tenham um evento e um local onde possam
mostrar ao mundo o resultado do seu ânimo e trabalho, fica-me a questão do
cronómetro.
Será que a avaliação e a premiação se podem restringir ao
cronómetro (ou pontos marcados), será que o ponto de partida de cada um é
suficientemente equitativo, especialmente neste meio com tantas diferenças?
Se pensarmos, por exemplo, nos paraplégicos, parecer ser
consensual reconhecer que a desvantagem é bastante uniforme e bem definida.
Outros casos, nem tanto, mesmo sem entrar em situações claramente desonestas e
aldrabadas. Em Sidney 2000, a seleção espanhola de basquetebol com deficiência
mental ganhou a medalha de ouro, cilindrando os adversários porque, dos 12
jogadores, apenas 2 eram realmente deficientes; os outros 10 eram perfeitamente
normais, até jogavam em competições “normais” e foi a própria federação quem criou
a trafulhice para ter sucesso garantido - que verguenza ò hermanos !!
Diferentes pontos de partida, em que a sorte e a genética
resultem em vantagens menos devidas ao mérito, existem, mesmo nas competições
“normais”. Imane Khelif, a polémica boxeur argelina, pode ser perfeitamente uma
mulher biológica, mas há ali hormonas ou outra coisa, nascidas ou
acrescentadas, que lhe dão uma vantagem brutal, face às outras competidoras…
Sem dúvida que o sucesso tem uma parte de inspiração ou
genética e uma enorme componente de transpiração. Sem suor, não se vai muito
longe, mas, neste caso concreto dos paraolímpicos em particular, o juiz apenas
cronómetro parece-me ser potencialmente cruel.
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