21 agosto 2024

Brincamos


A imagem acima é um pouco “mazinha”, mas justifica-se pela falta de seriedade com que se tem tratado a questão do risco de incêndio nos automóveis elétricos.

São referidas estatísticas evidenciando que os automóveis tradicionais de combustão têm um risco até 60 vezes superior ao dos elétricos, mas a questão é que essa estatística é baseada apenas em número de incidentes e todos sabemos que quanto a quantificar riscos e acidentes, há um índice de frequência, número de ocorrências, e um índice de gravidade, considerando os seus efeitos.

Um dia em que há dois despistes que acabam com os carros num campo de batatas não é pior do que um dia em que um único despiste terminou numa paragem de autocarro em hora de ponta.

O contexto e os efeitos dos incêndios nos automóveis de combustão são muito diferentes do dos elétricos. Se compensa a “desvantagem” numérica das 60 vezes é outra coisa, mas ignorá-lo não é sério.

Tipicamente um automóvel convencional incendeia em funcionamento, com alguém ao volante ou perto, que facilmente encosta e, se tiver a previdência de ter um extintor à mão talvez consiga apagar o incendio, e, no pior dos casos, sem arder mais do que o veículo em causa e algumas ervas à volta.

Um elétrico detona frequentemente estacionado e abandonado, a carregar ou não, e não é bem um simples incêndio, é uma brutal explosão alimentada a partir da parte inferior do veículo. Não se apaga, confina-se, e ocorrendo frequentemente em zona densamente ocupada, dificilmente esse confinamento fica pelo veículo inicial.

Daí que o balanço final de cada ocorrência seja potencialmente muitíssimo mais pesado no caso dos elétricos.  Vai uma aposta em que, apesar de todas as mensagens tranquilizadores e estatísticas favoráveis, iremos acabar a ver estações de carga com distâncias mínimas entre veículos regulamentadas ou até muros individuais corta-fogo…?

2 comentários:

jorge neves disse...

Mas seguramente os automóveis com motor eletrico vão ser o futuro.

Carlos Sampaio disse...

Nalguns casos já são o presente, para a generalização é capaz de se estar a colocar o carro à frente dos bois...
O motor elétrico em si, sim, sem dúvida, é muitíssimo mais simples e mais eficaz do que um motor de combustão. Quanto ao armazenamento de energia, se calhar esta coisa das baterias químicas... talvez o futuro não seja bem assim…
Agora, estacionaria o seu carro todos os dias num parque ao lado de elétricos em carga sem um mínimo de apreensão (baseado nas estatísticas tranquilizadoras 😊 ) ?