23 julho 2024

A Inapa


Esta empresa, prestes a fechar as portas, para muitos será uma empresa como outra qualquer, a sofrer da lei natural das coisas, para mim é um pouco mais do que isso.

Nos finais da década dos 80, a Inapa, contratou-nos um projeto pioneiro, um dos mais arrojados da nossa equipa na altura. Uma empresa que acreditou na capacidade da engenharia nacional, em domínios por nós nunca dantes navegados. Nos finais dos 90, uma atualização desse projeto foi dos maiores geradores de insónias que já experimentei.

Podemos questionar o racional estratégico de abandonar a componente industrial e de se centrarem na simples distribuição, quando o papel de impressão e escrita está já há muitos anos em declive descendente, sem perspetivas de inversão. Também não acompanhei a evolução da situação acionista e aprendi agora que o Estado, via Parapública, é o principal acionista.

Não parece ser difícil concordar que neste momento os milhões que faltam não serão uma ponte para um futuro risonho, mas antes um adiar do problema e quanto mais tarde, mais caro.

Agora, o que se pode questionar é o sentido de o Estado direta ou indiretamente ser acionista de referência de este tipo de empresa. Por este “tipo” refiro-me a empresas que não funcionam em meios protegidos e estáveis. Refiro-me a empresa que precisam de lutar e de se reinventar. Parece lógico que um acionista “normal”, dono e responsável pelos seus fundos, teria forçado algo com tempo, quanto mais não fosse a alienação da empresa antes de chegar a estes pontos. Assim, é um pouco o “não faz, nem deixa fazer” (há uma expressão menos polida para esta imagem…).

Se dúvidas houvesse, é mais um exemplo que isto não são missões para o Estado.

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