Esta empresa, prestes a fechar as portas, para muitos será uma empresa como outra qualquer, a sofrer da lei natural das coisas, para mim é um pouco mais do que isso.
Nos finais da década dos 80, a Inapa, contratou-nos um
projeto pioneiro, um dos mais arrojados da nossa equipa na altura. Uma empresa
que acreditou na capacidade da engenharia nacional, em domínios por nós nunca dantes
navegados. Nos finais dos 90, uma atualização desse projeto foi dos maiores
geradores de insónias que já experimentei.
Podemos questionar o racional estratégico de abandonar a
componente industrial e de se centrarem na simples distribuição, quando o papel
de impressão e escrita está já há muitos anos em declive descendente, sem
perspetivas de inversão. Também não acompanhei a evolução da situação acionista
e aprendi agora que o Estado, via Parapública, é o principal acionista.
Não parece ser difícil concordar que neste momento os
milhões que faltam não serão uma ponte para um futuro risonho, mas antes um
adiar do problema e quanto mais tarde, mais caro.
Agora, o que se pode questionar é o sentido de o Estado
direta ou indiretamente ser acionista de referência de este tipo de empresa.
Por este “tipo” refiro-me a empresas que não funcionam em meios protegidos e
estáveis. Refiro-me a empresa que precisam de lutar e de se reinventar. Parece
lógico que um acionista “normal”, dono e responsável pelos seus fundos, teria
forçado algo com tempo, quanto mais não fosse a alienação da empresa antes de
chegar a estes pontos. Assim, é um pouco o “não faz, nem deixa fazer” (há uma
expressão menos polida para esta imagem…).
Se dúvidas houvesse, é mais um exemplo que isto não são missões
para o Estado.
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