01 julho 2024

Quitou, não dobrou


A estratégia ultra-arriscada de Macron de provocar eleições antecipadas em França foi um tiro de bazuca que saiu pela culatra. Sendo óbvio que a extrema-direita iria repetir o sucesso das europeias, qual era a ideia?

As contas do presidente devem ter tido em consideração o fato de se tratar de umas eleições a duas voltas e, sendo fácil gerar uma larga frente contra esses vencedores inoportunos, haveria grandes hipóteses de os segundos saírem reforçados e acabarem por ficar à frente na segunda volta.

O que baralhou as contas foi a criação de uma larga geringonça francesa onde o líder não parece ser o tradicional PS, mas sim o “insubmisso” Jean Luc Mélenchon, que advoga a saída da França da Nato, eventualmente da EU, tiques de antissemitismo, além de outras particularidades e excentricidades, muitas delas comuns às da cartilha de Le Pen. Acontece que foi essa geringonça quem ficou em segundo e serão os seus candidatos a receberem o voto útil contra a extrema-direita.

Portanto, o partido do presidente vai mingar e os pobres franceses terão de optar entre Le Pen e Mélenchon. Não lhes invejo o dilema!! Se a primeira opção constitui um perigo para a França e para a Europa, a segunda também tem riscos que baste …

Acho curiosas as eloquentes declarações de opção de desistência dos terceiros, para ajudar a combater a extrema-direita. Numas eleições a duas voltas, os terceiros têm direito a opção!?

Sem comentários: