A estratégia ultra-arriscada de Macron de provocar eleições antecipadas em França foi um tiro de bazuca que saiu pela culatra. Sendo óbvio que a extrema-direita iria repetir o sucesso das europeias, qual era a ideia?
As contas do presidente devem ter tido em consideração o
fato de se tratar de umas eleições a duas voltas e, sendo fácil gerar uma larga
frente contra esses vencedores inoportunos, haveria grandes hipóteses de os
segundos saírem reforçados e acabarem por ficar à frente na segunda volta.
O que baralhou as contas foi a criação de uma larga
geringonça francesa onde o líder não parece ser o tradicional PS, mas sim o
“insubmisso” Jean Luc Mélenchon, que advoga a saída da França da Nato,
eventualmente da EU, tiques de antissemitismo, além de outras particularidades
e excentricidades, muitas delas comuns às da cartilha de Le Pen. Acontece que foi
essa geringonça quem ficou em segundo e serão os seus candidatos a receberem o
voto útil contra a extrema-direita.
Portanto, o partido do presidente vai mingar e os pobres
franceses terão de optar entre Le Pen e Mélenchon. Não lhes invejo o dilema!!
Se a primeira opção constitui um perigo para a França e para a Europa, a
segunda também tem riscos que baste …
Acho curiosas as eloquentes declarações de opção de desistência
dos terceiros, para ajudar a combater a extrema-direita. Numas eleições a duas
voltas, os terceiros têm direito a opção!?
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