09 julho 2024

De vitória em vitória até…


Uma larga frente, dita democrática e republicana, provocou e festejou em França a derrota da extrema-direita nas eleições deste passado domingo. Para começar, o RN tem muitos defeitos, mas nunca o vi questionar o regime republicano nem eleições e respetivo resultado. Começar por essa (não) caraterização é desde já estar a avaliar mal a questão.

Houve uma larga conjugação de forças sim, para derrotar RN, numa amplitude que em Portugal equivaleria a ir do CDS até ao PC e BE. A questão é que esta vitória não consolida nada. Em muitos círculos, mesmo assim, o RN perdeu por 40 e muitos por cento.

Tem razão Marine Le Pen quando diz que se não foi desta, será a seguir, é apenas uma questão de tempo. O vento sopra nessa direção e, continuando assim, isto é coisa de vitória em vitória até à derrota final.

Será dramático para a França e para o projeto Europeu uma vitória de um extremismo, sendo que os de esquerda também não são inócuos. Há aqui um exercício difícil entre compreender e atender às expetativas dos eleitores e fazê-los compreender os efeitos negativos a prazo das propostas populistas e extremistas. É necessário ter inteligência, seriedade e autoridade moral reconhecida, coisas que não abundam no panorama político atual. Independentemente da complicação de governação que se seguirá, este resultado é positivo, mas celebrá-lo não chega.

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