Uma larga frente, dita democrática e republicana, provocou e festejou em França a derrota da extrema-direita nas eleições deste passado domingo. Para começar, o RN tem muitos defeitos, mas nunca o vi questionar o regime republicano nem eleições e respetivo resultado. Começar por essa (não) caraterização é desde já estar a avaliar mal a questão.
Houve uma larga conjugação de forças sim, para derrotar RN,
numa amplitude que em Portugal equivaleria a ir do CDS até ao PC e BE. A
questão é que esta vitória não consolida nada. Em muitos círculos, mesmo assim,
o RN perdeu por 40 e muitos por cento.
Tem razão Marine Le Pen quando diz que se não foi desta,
será a seguir, é apenas uma questão de tempo. O vento sopra nessa direção e,
continuando assim, isto é coisa de vitória em vitória até à derrota final.
Será dramático para a França e para o projeto Europeu uma
vitória de um extremismo, sendo que os de esquerda também não são inócuos. Há
aqui um exercício difícil entre compreender e atender às expetativas dos
eleitores e fazê-los compreender os efeitos negativos a prazo das propostas
populistas e extremistas. É necessário ter inteligência, seriedade e autoridade
moral reconhecida, coisas que não abundam no panorama político atual.
Independentemente da complicação de governação que se seguirá, este resultado é
positivo, mas celebrá-lo não chega.
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