11 maio 2024

O risco das milícias eficazes


Há cerca de 30 anos atrás conheci de perto a situação em Francelos, Gaia. Ao lado da estrada principal havia um acampamento cigano que funcionava como centro comercial de estupefacientes. A frequentação nas redondezas de clientes e vendedores proporcionava um ambiente de enorme desconforto e insegurança e perante a passividade de “quem de direito”.

É aí que aparecem as milícias populares para “resolverem” a situação. A sua ação ilegal e brutal foi, é e será sempre inaceitável, mas o fato é que depois desses acontecimentos, as forças de segurança reagiram e a zona voltou a viver em clima de segurança. Ou seja, houve uma clara relação de causa-efeito entre a inadmissível investida popular e a solução do problema. Muito preocupante, não será?

Esta evocação vem a propósito dos recentes acontecimentos no Porto, cuja discussão é desde logo contaminada com o direita/esquerda, como se isso fosse o fundamental. Imigrante não é um conceito singular nem homogéneo. Haverá imigrantes inocentes vítimas de xenofobia e imigrantes violentos e marginais. Quem conhece a realidade urbana no norte de África, sabe que lá existem “códigos” e comportamentos que não queremos ver aqui transpostos.

Se não olharmos para isto com rigor, objetividade e tomando as consequentes ações, se ficarmos entretidos em considerações ideológicas, estaremos a ir de olhos fechados contra o muro.

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