Há cerca de 30 anos atrás conheci de perto a situação em Francelos, Gaia. Ao lado da estrada principal havia um acampamento cigano que funcionava como centro comercial de estupefacientes. A frequentação nas redondezas de clientes e vendedores proporcionava um ambiente de enorme desconforto e insegurança e perante a passividade de “quem de direito”.
É aí que aparecem as milícias populares para “resolverem” a
situação. A sua ação ilegal e brutal foi, é e será sempre inaceitável, mas o
fato é que depois desses acontecimentos, as forças de segurança reagiram e a
zona voltou a viver em clima de segurança. Ou seja, houve uma clara relação de
causa-efeito entre a inadmissível investida popular e a solução do problema. Muito
preocupante, não será?
Esta evocação vem a propósito dos recentes acontecimentos no
Porto, cuja discussão é desde logo contaminada com o direita/esquerda, como se
isso fosse o fundamental. Imigrante não é um conceito singular nem homogéneo.
Haverá imigrantes inocentes vítimas de xenofobia e imigrantes violentos e
marginais. Quem conhece a realidade urbana no norte de África, sabe que lá
existem “códigos” e comportamentos que não queremos ver aqui transpostos.
Se não olharmos para isto com rigor, objetividade e tomando
as consequentes ações, se ficarmos entretidos em considerações ideológicas,
estaremos a ir de olhos fechados contra o muro.
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