A esta distância a questão pode parecer irrelevante, mas esta polémica marca um antes e um depois na nossa vida política e (i)maturidade democrática. A polémica nasce na campanha para as legislativas de 2015, onde num debate com Passos Coelho, António Costa tenta colar ao PSD a responsabilidade pela vinda da troika para Portugal e o sofrimento experimentado por muitos portugueses nesse período.
Sabemos que
os políticos gostam de criar “narrativas”, mas aquela era tão evidentemente
desonesta e claramente não sustentada que parecia apenas fazer cair no ridículo
quem a avançava. Tinha sido o próprio PS de A. Costa a levar o país à
bancarrota, o programa fora negociado pelo PS e teria sido aplicado por quem
quer que seja que estivesse no governo na altura. Quem está nas mãos de
credores para as suas necessidades básicas não tem muitas alternativas, nem as
pernas dos banqueiros tremem como as dos meninos de coro.
Infelizmente
a mensagem pegou. Ainda hoje se associa esses tempos da troika a uma maldade da
“direita” e o alívio posterior a um mérito da “esquerda”. Aquilo que poderia
ter constituído um crescimento na maturidade política e cívica do país, acabou
por ser um retrocesso. Em vez de ter aumentado a consciência de que o
importante é permitir a criação de riqueza e o contributo e responsabilização
de todos, ficamos com a imagem de que a solução é um partido virtuoso que põe o
Estado a resolver de tudo, nacionalizando TAPs, Ctt, grupos de média, salvando
tudo o que for mal gerido, já sem falar na animosidade contra o contributo da
iniciativa privada em domínios relevantes e carenciados como a educação e a
saúde.
Esta suposta
virtuosidade é ainda complementada com a demonização da oposição, plena de más
intenções, reais ou potenciais. Esta é a herança destes últimos anos. Andamos
para trás. Precisamos de cidadãos responsáveis e responsabilizados e não
infantilizados, passivamente beneficiando da generosidade de um “Estado”
caridoso. A prazo empobrecemos.
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