08 agosto 2022

A fatura e a política


Só quem acredita no Pai Natal pode estar convencido que uma escalada no preço do gás natural não vai acabar por chegar às faturas de eletricidade, mais tarde ou mais cedo, com maior ou menor amplitude. Pode não ser 40% em finais de agosto, como o presidente da Endesa Portugal afirmou, mas eu gostaria de saber se efetivamente poderemos chegar a esse valor e quanto devemos esperar, mantendo-se a tendência atual.

O nosso governo, no seu tom paternalista, veio antes dizer não se alarmem, nós controlamos. Dentro da sua política de controlo, decretou que as faturas ao Estado do fornecedor suspeito iam passar a ser validadas pelo secretário de Estado! Validar uma fatura envolve dois passos. O primeiro garantir que o que está a ser faturado foi efetivamente entregue/realizado. Vai João Galamba pedir as leituras dos contadores todos do Estado, para o verificar? Certamente que não. O segundo passo é confirmar que as condições contratuais estão a ser corretamente aplicadas. Irá João Galamba pedir cópia de todos os contratos e validar as taxas e tarifas? Obviamente que não.

Que faz então um político, e deste nível, no circuito? Assina de cruz ou empata se lhe apetecer ou não tiver tempo? Fazer passar, formal ou informalmente, as cobranças ao Estado por uma etapa destas é coisa que acontece, mas não nestas latitudes nem no modelo de Estado que queremos.  

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