Corria o ano de 1989, mais coisa menos coisa, e eu, por acaso, passei na Covilhã. Para quem vivia no concelho de VN Gaia e trabalhava no de Matosinhos, era um acaso um pouco forçado passar por aqueles lados, mas o argumento do acaso foi desculpa boa para forçar uma reunião com o Sr. Paulo de Oliveira.
Ele estava prestes a decidir um investimento industrial e nós
não estávamos bem colocados, donde que fui lá, “por acaso”, tentar salvar a
dama. Recebeu-me com cortesia e frontalidade. Impressionou-me a sua
omnipresença na empresa. Discutiu comigo detalhes do projeto, expressou a sua opinião
quanto à marca dos componentes de automação, enquanto era interrompido por uma
encarregada da fábrica que lhe reportava um problema algures na tinturaria e
queria a sua opinião sobre a opção a tomar para a solução. Dinâmica e capacidade
de decisão não lhe faltavam.
A missão teve sucesso e foi o nosso primeiro projeto na área
têxtil, que tinha, com ou sem razão, o hábito de comprar equipamentos fora do
país. Dizia-me que o seu carro era um BMW e não um Fiat e tinha as suas razões para
isso. Eu, que por acaso até lá tinha ido de Fiat, expliquei que ele tinha razão
nesse campo, pelas diferenças constatáveis, mas não era o caso entre o
equipamento alemão e o nosso.
Depois dessa fase, acompanhei a evolução da empresa, de longe.
Foi um lutador e um resistente. Se ainda existe indústria de lanifícios e
especialmente naquele interior do país, em boa parte, se não em toda, deve-se a
Paulo de Oliveira, que hoje partiu. O país é devedor a personalidades como
esta.
Imagem do jornal "O Interior"
2 comentários:
Mais um Grande Industrial que nos deixa e a quem a Covilhã muito deve.Paz á sua alma.Em relação aos negócios que tivemos,havia nessa época um programa europeu para modernização da industria portuguesa chamado Pedip, e um ministro da Industria de seu nome Mira Amaral que não nos regateava apoios.
Efetivamente o “Programa Específico de Desenvolvimento Industrial em Portugal” foi uma grande alavanca para a modernização do “Portugal na CEE” e felizmente graças a Paulo de Oliveira e Mira Amaral, entre muitos outros, foi possível não se ter comprado “tudo feito lá fora”. Fornecedores de equipamento como nós tiveram uma excelente oportunidade para ganharem dimensão e a seguir se poderem lançar noutros voos !
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