Por estes dias cumpriram-se 5 meses do início da “operação militar especial” que a Rússia desencadeou na Ucrânia e, independentemente do desfecho e dimensão final da tragédia, ficará para a história o clamoroso erro de avaliação da relação real de forças entre o agressor e o agredido.
Vamos supor que em meados de fevereiro, algum responsável
russo, efetivamente responsável, tivesse dito a Putin: “No meu ponto de vista,
não temos condições para desencadear e concluir com sucesso essa operação
especial assim tão fulminantemente”. Esta posição corajosa teria sido certamente
hostilizada pelos incompetentes seguidores incondicionais de Putin e o próprio talvez
lhe aplicasse um exemplar corretivo por tamanha heresia e por colocar em causa
a capacidade e excelência das forças armadas da pátria.
É assim com os autoritários. À força de imporem a sua
vontade e opções e de não aceitarem diferenças, à sua órbita só subsistirão visões
subordinadas à sua. Ficam sem contraponto e, a prazo, sem bases para bem discernir.
De tanto anularem divergências, afogam-se numa falsa harmonia. O não aceitar
contestação tem uma consequência negativa imediata para quem tenta contestar, mas
o autocrata irá acabar por cair na sua própria armadilha.
Muitas destas histórias acabam em suicídio involuntário,
infelizmente não sem antes muita desgraça provocarem.
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