Uma coisa é disputar o poder e defendê-lo quando ele é precário; outra coisa é exercê-lo quando na respetiva posse. Uma coisa é disputar o leme; outra coisa é navegar.
Há vários exemplos de líderes que se aplicaram com sucesso
na conquista e que falharam redondamente depois. Há algum tempo, Cavaco Silva
recordou a herança da sua maioria absoluta. É certo que se trata de uma figura
pouco empática. Mais rapidamente se perdoa a Soares injuriar um polícia no
exercício das suas funções do que a Cavaco por comer bolo-rei atabalhoadamente.
Inquestionável é constatar a herança significativa na organização do país
deixada por este último.
Penso que estamos atualmente a viver um momento em que,
conquistado o poder e anulados os inimigos, o governo está perdido sem saber
como o exercer. Que ficará para a história como legado de António Costa, de
positivo? Em que aspetos o país no final da corrente legislatura estará
estruturalmente melhor do que estava em 2016? Tenho dificuldade em hoje
identificar e sérias dúvidas sobre o que possa ainda chegar. Espero estar
enganado.
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