O Sri Lanka, antigo Ceilão, vive dias de grande tormenta. Populares invadiram o palácio presidencial e a residência do primeiro-ministro, o presidente fugiu, o poder não está na rua, mas as portas estão escancaradas e as incertezas são muitas.
Para trás fica um período de má governação, incompetente e
corrupta, a quem o travão do Covid-19 no turismo deu o golpe de graça. O país
não consegue refinanciar a sua dívida nem garantir o mínimo de serviços do
Estado. Bancarrota, assim se chama.
Não é situação rara e o passo seguinte habitual é
financiamento sob tutela, tipicamente do FMI, forçando uma grande disciplina
orçamental e controlo das finanças públicas. A particularidade aqui é que uma
boa parte da dívida do país ser com a China, conhecida por financiar projetos
de desenvolvimento (e outros) na sua esfera de influência, sem olhar demasiado
para a qualidade da governação associada.
Assim sendo, o FMI terá alguma relutância em participar no
reembolso desta dívida. A China também não deve estar muito interessada em
aceitar algum tipo de restruturação; seria um precedente terrível, dada a sua enorme
exposição a situações potencialmente análogas. Irá nascer um “FMI Chinês”?
E, no fim, quem paga? Para já, paga o povo e especialmente
os mais desfavorecidos. Nós, por cá, andamos mais preocupados com a
legitimidade dos penteados…
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