Ao contrário dos golpes palacianos, ou de caserna, em que
ocorrem descontinuidades no poder, sem que a rua participe ou saiba bem o que
se passa, nas revoluções há uma ignição, eventualmente provocada por uma
questão secundária, mas que vai encontrar eco numa parte significativa da
população, recetiva a uma mudança de regime, e que assim se consolida.
Acho que estamos a assistir a uma revolução, não
necessariamente ao longo de uma simples madrugada, nem em direção a amanhãs
entusiasmantes. Está em curso uma mudança significativa de valores e de
princípios valorizados pelos eleitores. Os 70 milhões que nos USA votaram num
parvo, não são todos parvos, basicamente não queriam mais do mesmo. Numa versão
mais suave do que já foi, o “Front Nationale” francês arrisca-se a eleger o
próximo presidente do país. Isto era um cenário de pesadelo considerado absolutamente
impossível não há muito tempo. E mais exemplos não faltam.
A eleição de Biden (a derrota de Trump) é algo de positivo,
mas não é nem deve ser considerada um alívio porque não consolida nada. A
revolução contínua e não serve de muito condenar as faíscas quando se é descuidado
com a pólvora.
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