Há umas semanas, a Economist publicou um interessante artigo, evidenciando as ineficiências e a estagnação da produtividade da indústria de construção, comparada com outros sectores. O artigo original pode ser encontrado aqui.
Quanto às causas possíveis para esse facto, refere pouco investimento em meios, devido à incerteza da atividade, rede de subcontratados agressivamente orientados, sem grande empenho na eficácia global e variações normativas. Será verdade, mas se compararmos com a indústria automóvel (talvez ainda “A Indústria”), evoluções tecnológicas e normativas não lhes faltam, têm uma rede complexa e muito esmagada de subcontratação e, apesar de tudo isso, há um permanente investimento em novos modelos e tecnologias, sempre com uma grande incerteza quanto ao seu sucesso.
Eu arriscaria (provocaria…) que a construção evolui pouco, porque não precisa! A chave do sucesso, nomeadamente nas grandes obras públicas, não está no nível de novidades tecnológicas, nem, muitas vezes, no valor económico das propostas. Está bastante mais no relacionamento e na segurança que o construtor oferece ao decisor público. Aliás, o próprio modelo da maior parte dos concursos públicos não valoriza e, frequentemente, nem sequer permite fazer diferente (e fazer melhor passa muito por fazer diferente).
Com os automóveis, é outra história. Cada qual escolhe com o seu dinheiro, valorizando o produto oferecido em si. A indústria automóvel ou evolui e convence o consumidor, ou morre. No fundo, isto é mais um corolário da minha teoria de existirem dois tipos de empresas, com culturas distintas: as que no fim da cadeia têm um consumidor e as outras que têm um contribuinte.
Quer isto dizer que se fosse uma entidade pública a selecionar os nossos veículos, andaríamos hoje em magníficos Ladas 1200, como o da foto?
Quanto às causas possíveis para esse facto, refere pouco investimento em meios, devido à incerteza da atividade, rede de subcontratados agressivamente orientados, sem grande empenho na eficácia global e variações normativas. Será verdade, mas se compararmos com a indústria automóvel (talvez ainda “A Indústria”), evoluções tecnológicas e normativas não lhes faltam, têm uma rede complexa e muito esmagada de subcontratação e, apesar de tudo isso, há um permanente investimento em novos modelos e tecnologias, sempre com uma grande incerteza quanto ao seu sucesso.
Eu arriscaria (provocaria…) que a construção evolui pouco, porque não precisa! A chave do sucesso, nomeadamente nas grandes obras públicas, não está no nível de novidades tecnológicas, nem, muitas vezes, no valor económico das propostas. Está bastante mais no relacionamento e na segurança que o construtor oferece ao decisor público. Aliás, o próprio modelo da maior parte dos concursos públicos não valoriza e, frequentemente, nem sequer permite fazer diferente (e fazer melhor passa muito por fazer diferente).
Com os automóveis, é outra história. Cada qual escolhe com o seu dinheiro, valorizando o produto oferecido em si. A indústria automóvel ou evolui e convence o consumidor, ou morre. No fundo, isto é mais um corolário da minha teoria de existirem dois tipos de empresas, com culturas distintas: as que no fim da cadeia têm um consumidor e as outras que têm um contribuinte.
Quer isto dizer que se fosse uma entidade pública a selecionar os nossos veículos, andaríamos hoje em magníficos Ladas 1200, como o da foto?
2 comentários:
O panorama na indústria na construção, quanto a mim, peca pelo exagero das Normas (regulamentos) a que é obrigada a respeitar. Em termos processuais, os Regulamentos não distinguem as exigências de um grande edifício para uma simples habitação térrea, e qual deles o mais exigente. Um-sem-número de projectos, um-sem-número de termos de responsabilidade, etc, etc. Quase não há lugar para inovar em matéria construtiva.
Dou como exemplo um edifício industrial construído há 20 anos (RO) que, a ser cumprido o projecto português custaria um valor que na altura foi considerado proibitivo. Valeu a alternativa avançada por um construtor que propôs um edifício totalmente pré-fabricado (fabricado no Luxemburgo), montado em Portugal num prazo recorde, por um custo 50% mais baixo que a melhor proposta de então.
Em resumo, um edifício 50% mais barato que o tradicional, cuja montagem da estrutura e cobertura foi realizada numa semana. O não cumprimento de uma pequena exigência regulamentar (deformação máxima) esteve na base de toda a diferença.
O facto de haver regulamentos excessivos pode encarecer desnecessariamente a realização, mas não deveria ser razão para a não existência de evolução.
O outro ponto interessante que levantas é que na indústria, onde as contas são feitas de forma diferente de na contratação pública, há realmente espaço e esforço e resultados da inovação.
Aliás, gostava de ver a evolução da produtividade, se possível, divididos, entre quem constrói obra pública e quem constrói para a indústria… tenho um palpite de que devem ser diferentes.
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