16 outubro 2024

Mudar de dono


Com 15 anos de diferença, 2 países tentam sair de uma guerra que, de uma forma ou de outra nunca conseguirão ganhar. Protagonistas, 2 generais.

Sendo o quadro institucional, reconhecimento e poder de De Gaulle na França de 1960 de nenhuma forma comparável com o de Spínola em Portugal em 1974, há alguns pontos em comum, sobretudo na forma como o processo encerrou.

Os movimentos de “libertação” exigiram e conseguiram o estatuto de interlocutores únicos, em seguida adotaram o princípio do “ganhamos, é nosso” e nos casos de haver mais do que uma força em jogo, entraram a seguir em guerra civil mais ou menos longa… Democracia, nem vê-la; pluralidade racial ou religiosa, excluídas.

Talvez que se França e Portugal tivessem tido o discernimento de entenderem os ventos da história a tempo e dirigido o processo noutra direção mais cedo, o desfecho poderia ter sido diferente, não sabemos.

O que sabemos é que, como me disseram noutra latitude e noutra língua, a independência foi “Cambiamos de manos”.

Os povos, em nome dos quais foram levantados os movimentos de “autodeterminação” não foram tidos nem achados e não tiveram a mínima palavra no pós-independência. Mudaram de dono, sendo os novos donos de outra raça ou de outra religião. No final não ficaram necessariamente a viver melhor…

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