19 outubro 2024

Para lá das gémeas


O caso das gémeas luso-brasileiras tem uma dimensão enorme e escandalosa, pelo valor do tratamento, pela forma expedita como a ele tiveram acesso, pelo estatuto dos facilitadores e pelo interesse da seguradora que se salvou de pagar um tratamento caríssimo.

Sobre isto, já se sabe o suficiente para serem tiradas as necessárias ilações éticas, políticas e eventualmente criminais. Não é minha intenção agora aqui fazer chover no molhado.

Mas, sem esta proporção, quem nunca apelou a uma ajudinha para ter acesso a um serviço ou ser mais bem tratado no SNS? Quem angustiado face a uma necessidade urgente não hesitou em fazer um telefonema e procurou uma atenção especial para si ou para os seus…? Talvez sobrem poucos para atirar a primeira pedra. Talvez porque, com ou sem razão, ficar na fila comum seja entendido como não suficiente para um tratamento atempado e cuidado.

Mais uma vez, insisto que o caso das gémeas está numa órbitra muita diferente de alguém que telefona à enfermeira de serviço a pedir uma especial atenção com quem está internado na cama X.

Convém realçar que quando se fala em igualdade no acesso e direito à saúde é também disto que se está a falar. O sistema deveria ter eficiência e reatividade para os cidadãos se sentirem confortáveis na fila comum, sem tentações para a furar. Isso seria num país a sério…

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