As crises, com todos os seus transtornos, privações e perdas, podem constituir oportunidades de aprendizagem, mesmo dramáticas e eventualmente tanto mais proveitosas quanto mais dramáticas.
Em 2011, a crise nacional, a intervenção da “troika” e todo
o sofrimento que provocou poderia ter sido um desses momentos de aprendizagem
dolorosa, mas não foi.
Poderia ter sido clarificado que a origem da crise fora uma
governação corrupta e irresponsável e que a saída da mesma tinha sido o
resultado do trabalho, empenho e sacrifício de todo o país, Podia, mas não foi…
por causa das narrativas criadas.
Argumentar que o nosso colapso foi consequência da crise de
2008 é desde logo a primeira “narrativa” falsa. A crise foi mundial e não vimos
todos os países de joelhos a mendigar junto do FMI. Entrar numa estrada de
montanha a 140 km/h e despistar-se na primeira curva não é razão para culpar a
curva…
A seguir, a perca final da oportunidade vem de outra narrativa.
O sofrimento da crise foi devido à maldade da direita (e do Passos) e o alívio
do aperto foi mérito da esquerda virtuosa que virou a página da austeridade. Se
saímos do buraco em que o “Eng” Sócrates nos enterrou, não foi pelo esforço e
sacrifício coletivo do país, mas pela generosidade e bondade do novo inclino de
S. Bento.
Nos tempos que correm, parece que o PSD aprendeu a lição.
Manter o poder depende de ter mãos largas e “quem mais chora, mais mama”…
Trabalhar para criar riqueza que se possa distribuir não é o fundamental.
Iremos pagá-lo de novo um dia, porque quem não aprende com os erros, acaba por
os repetir.
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