Por estes tempos já toda a gente sabe, ou deveria saber, o
que foi o Gulag. Podem dizer que não vale a pena chover no molhado, que é
passado, mas eu discordo e já explico.
Diz-se que as condenações ao Gulag eram extramente
discricionárias e muito arbitrárias. Não era bem assim. Segundo imagem acima,
extraída do famoso livro de Alexander Soljenítsin, havia efetivamente algum
enquadramento e classificação. Nela estão elencados os “crimes” que poderiam
levar um individuo a passar umas dezenas de anos preso em condições não humanas
e com elevada possibilidade de não regressar.
Há cerca de 4 anos o Parlamento Europeu votou e aprovou uma resolução que coloca nazismo e comunismo em pé de igualdade. Sendo que nestes casos, as contabilidades e a verificação de empate são algo subjetivas, a barbaridade estalinista não fica atrás, nem em números nem em princípio da nazi. Votação unanime? Não. Da parte que nos diz respeito, o BE e o PCP votaram contra. A declaração publicada pelo PCP na altura (aqui) é um monumento de hipocrisia e desonestidade.
Se inicialmente Hitler e Estaline começaram aliados e a repartir
a Polónia, quando até os partidos comunistas ocidentais tinham alguma simpatia
pelos inimigos do capitalismo liberal, se no final a URSS foi determinante
para o resultado da Guerra e a derrota da Alemanha, isto não constitui carta
branca para menorizar os milhões assassinados por Estaline. Diz o PCP no final do comunicado que não permitirá
“o branqueamento do fascismo e a criminalização do ideal e projecto comunista”.
Portanto… equiparar o fascismo ao estalinismo é branquear o primeiro e atacar o
belo ideal do segundo?! Não têm vergonha?
A Alemanha fez o luto do nazismo e algo equivalente ou
próximo é impossível de acontecer, pelo menos a curto-médio prazo, na Europa
Ocidental liberal e democrática. Para a Rússia, cada vez mais autoritária e
implacável, e seus simpatizantes, há tolerância e mesmo alguma nostalgia desses
tempos assassinos e nunca é demais dizer que
“Gulag nunca mais”
Destes estamos muito menos protegidos.
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