Depois de mais de 500 páginas sobre o tema e com vastos exemplos históricos, entendi claramente a mensagem: o sucesso ou o fracasso de uma nação dependem de esta ter políticas e instituições “inclusivas” ou “extrativas”. Em português mais comum dir-se-ia haver quem governe ou quem se governe.
Nos modelos inclusivos o poder e a influencia no poder envolve
uma larga maioria dos interessados, dispondo estes de meios, canais de
comunicação e capacidade de reivindicação, garantindo-se que o governo alinha pelo
interesse geral e que pode ser facilmente substituído quando se desviar desse
objetivo.
A tentação de ficar agarrado ao poder e evitar riscos com
reformas ou inovações é também uma caraterística dos “extrativos”, provocando
dessa forma o definhamento económico e social.
Mesmo com uma perspetiva histórica alongada, fiquei com a
impressão de me estarem a contar um filme a partir do meio. As razões de fundo,
porque nalguns países se estabelece e se mantem quem governe e noutros quem se
governe, não podem residir apenas nos aleatórios da história. Porque é a “revolução gloriosa” inglesa de 1688,
no fundo uma contestação e limitação do poder real absoluto teve sucesso e se
consolidou, permitindo a futura revolução industrial, enquanto, por estes lados,
mais tarde, a revolução liberal de 1822 e a correspondente lenta mas concreta evolução
para um modelo de limitação de poderes reais, não nos fez sair da cepa torta?
A forma e a força como a população tem vontade e poder para
travar trajetórias nocivas ao interesse geral, tem, acho eu, uma componente
cultural. Certo que, em situações díspares de meio, entre uma fértil e generosa
terra ou um árido e inclemente solo, os requisitos para a sobrevivência são
diferentes e assim também serão as exigências quanto à governação. Mas, entre
Portugal e a Inglaterra as diferenças não serão assim tão grandes.
Essa coisa da cultura não se mede apenas pelo número de pessoas
que vão aos museus e teatros… ou também?
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