Miguel Alves já se demitiu, a respetiva cabeça já rolou na guilhotina mediática, mas obviamente o assunto não está encerrado. Ainda não sabemos para onde foram nem por onde andam os famosos 300 mil euros, há dois anos transferidos da esfera pública para singelas mãos privadas, para uma empresa de um homem só, criada na hora, sem histórico nem atividade, entregues sem garantia ou contrapartida. Onde estão? Tresmalharam-se?
Na caricata entrevista que o protagonista fez para se
defender, muito na base do ou é burro, ou nos toma todos por burros, havia uma
verdade. Se ele não tivesse sido nomeado Secretário de Estado, provavelmente o
assunto não se teria mediatizado com a mesma amplitude. Que o diga também o recente
Secretário de Estado, J. Maria Costa, que vê agora saírem noticias sobre alguns
negócios feitos durante os seus largos anos à frente da Camara Municipal do Viana
do Castelo.
É perfeitamente natural que a acrescida exposição e maiores responsabilidades
políticas aumentem o nível de escrutínio e consequente ressonância mediática
dos casos. Isso não é mau. O que é mau é todos os outros negócios e euros que
se tresmalham de norte a sul, por pequenos reinos e expeditos reizinhos.
Os melhor habilitados e mais interessados em denunciar são
os mais diretamente afetados, os munícipes, sendo também verdade que muitos
desses reinos são algo asfixiantes na reação ao questionamento do seu poder (quase)
absoluto. Mais democracia e escrutínio, precisa-se!
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