Com o centenário do nascimento de Vasco Gonçalves, vejo algo surpreso o branquear da cor do Primeiro-Ministro do Verão quente, colocando em evidência os avanços sociais ocorridos nesse período, tais como o estabelecimento do salário mínimo, dos subsídios de férias e desemprego e da licença de parto.
Sendo isso verdade, pode-se questionar se ocorreu graças a
ele em particular ou se teria acontecido dentro da dinâmica da época,
independentemente do PM em funções. Pode-se também olhar para outras coisas que
se passaram nessa altura, como as suas posições quanto à não liberdade sindical
a as pressões sobre a comunicação social desalinhada.
Um bom exemplo, foi o jornal República fundado em 1911 por
um distinto republicano, António José de Almeida. Foi oposição e sobreviveu ao
Estado Novo, mas soçobrou naquele Verão quente de 1975. Não vou desenvolver
aqui os detalhes do que se passou, eles estão facilmente acessíveis a quem
quiser saber, apenas o significado.
O PCP, através dos seus ativistas, com a cobertura do
governo Gonçalvista, calou um órgão de comunicação social incómodo. Não foi um
ato isolado, a Renascença sofreu as mesmas pressões, o DN teve uma série de
jornalistas saneados pelo futuro Nobel e muitos outros periódicos viram areia
cair nas suas engrenagens.
O caso República levou à saída do PS do governo e teve
repercussões internacionais, forçando mesmo outros PCs europeus a demarcarem-se
do seu homólogo português. Tudo isto no tempo do camarada Vasco, que não era
democrata, nem defendia os valores de Abril partilhados pela larga maioria do
povo português.
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