Há três anos atrás, numa sessão de trabalho sobre a evolução da conjuntura económica, vi ser apresentada e demonstrada a existência, ao longo da história, de uma correlação muito directa entre um pico da cotação do petróleo e uma recessão subsequente. Um assistente comentava que era improvável ver o petróleo manter-se durante muito mais tempo naqueles 60-70 USD.
Aparentemente, erraram os dois. Nem houve crise imediata nem o petróleo baixou. A crise veio, mas só mais tarde após o petróleo ultrapassar os 140 USD.
Durante este tempo até pareceu existir uma admirável “imunidade” ao preço do petróleo. A amplitude do trambolhão actual, sendo que a parte invisível do iceberg ainda está por determinar, sugere que essa “resistência” foi somente um “aguentar”, que resultou num estouro mais violento.
Se é muito provável que, de uma forma ou de outra, os EUA acabariam por entrar em ruptura, dada a insustentabilidade do seu modelo, quem acelerou o processo e acendeu o rastilho foi a cotação do petróleo.
Muito se tem falado das dolorosas consequências desta crise na chamada “economia real”. Algumas, no entanto, são potencialmente positivas. Uma será clarificar que economia só há uma: a real. E forçosamente equilibrada entre a criação de riqueza associada a valor acrescentado “claro” e os serviços financeiros que a suportam. Vender várias vezes o mesmo tijolo com valorização crescente, pela expectativa do valor que esse tijolo algures gerará, não cria valor. Limita-se a trocar o tijolo de dono, em crescendo de preço e de expectativa, até se detectar que o “rei vai nu” e o último dono do tijolo ficar a arder.
Outro aspecto positivo, da travagem do consumo, é a “normalização” do preço do mesmo petróleo e de outros produtos básicos. Esta não agrada nada a alguns países produtores que têm os seus orçamentos populistas generosamente suportados pelas cotações dos hidrocarbonetos. Mais uma vez é a questão da falta de sustentabilidade que tem a mania de se manifestar sempre mais cedo do que se gostaria. Para lá do agrado de vermos descer o preço dos combustíveis e bens e serviços derivados, há algo mais importante. Os países do terceiro mundo sem petróleo nem gás estavam a caminho de uma situação verdadeiramente catastrófica. Este alívio da sua factura de importação energética só ajudará muito. Esperemos que aproveitem.
Aparentemente, erraram os dois. Nem houve crise imediata nem o petróleo baixou. A crise veio, mas só mais tarde após o petróleo ultrapassar os 140 USD.
Durante este tempo até pareceu existir uma admirável “imunidade” ao preço do petróleo. A amplitude do trambolhão actual, sendo que a parte invisível do iceberg ainda está por determinar, sugere que essa “resistência” foi somente um “aguentar”, que resultou num estouro mais violento.
Se é muito provável que, de uma forma ou de outra, os EUA acabariam por entrar em ruptura, dada a insustentabilidade do seu modelo, quem acelerou o processo e acendeu o rastilho foi a cotação do petróleo.
Muito se tem falado das dolorosas consequências desta crise na chamada “economia real”. Algumas, no entanto, são potencialmente positivas. Uma será clarificar que economia só há uma: a real. E forçosamente equilibrada entre a criação de riqueza associada a valor acrescentado “claro” e os serviços financeiros que a suportam. Vender várias vezes o mesmo tijolo com valorização crescente, pela expectativa do valor que esse tijolo algures gerará, não cria valor. Limita-se a trocar o tijolo de dono, em crescendo de preço e de expectativa, até se detectar que o “rei vai nu” e o último dono do tijolo ficar a arder.
Outro aspecto positivo, da travagem do consumo, é a “normalização” do preço do mesmo petróleo e de outros produtos básicos. Esta não agrada nada a alguns países produtores que têm os seus orçamentos populistas generosamente suportados pelas cotações dos hidrocarbonetos. Mais uma vez é a questão da falta de sustentabilidade que tem a mania de se manifestar sempre mais cedo do que se gostaria. Para lá do agrado de vermos descer o preço dos combustíveis e bens e serviços derivados, há algo mais importante. Os países do terceiro mundo sem petróleo nem gás estavam a caminho de uma situação verdadeiramente catastrófica. Este alívio da sua factura de importação energética só ajudará muito. Esperemos que aproveitem.
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