3) Marxismo hoje
Quase dois séculos decorridos desde o estabelecimento das
teorias de Karl Marx, os regimes políticos na Europa/Ocidente estabilizaram nos
seus fundamentais e algumas experiências de marxismo foram realizadas por esse
mundo fora, todas indiscutivelmente sem sucesso.
Deixando de lado as derivas criminosas como o estalinismo ou
os khmers vermelhos, o certo é que a coletivização e estatização da economia
não trouxeram prosperidade em nenhuma latitude onde foram testadas, pelos menos
comparando com os países liberais e capitalistas. Funcionário dificilmente rima
com inovador.
Alguns partidos socialistas europeus, que até incluíam o
marxismo na sua certidão de nascimento, fatalmente colocaram-no na gaveta ao
chegarem ao poder e ao serem confrontados com a realidade. Sim, falo da famosa
frase de Mário Soares e também, por exemplo, da mais recente metamorfose do
Syriza na Grécia.
Ninguém, no poder, defende largos programas de estatização
da economia. As nacionalizações que vemos são boias de salvamento pontuais, lançadas
a empresas “estratégicas” em dificuldade (por norma com sucesso muito
questionável), mas não parte de uma política intervencionista geral.
Sem pôr em causa o modelo fundamental, os inquilinos do
poder anunciam umas nuances publicitárias, a direita será mais amiga dos ricos
e a esquerda dos pobres. A questão fundamental aqui é se o objetivo principal é
acabar com os ricos ou acabar com os pobres.
As previsões de Marx de que quanto mais capitalismo, mais
condições e probabilidades de uma revolução socialista também falharam redondamente.
É a pobreza que cria instabilidade, não a riqueza. Apesar de algumas injustiças
sociais que existem, as condições relativas da “classe operária” não têm
comparação com as do século XIX e não faltam exemplos de operários que com
capacidade e iniciativa se tornaram empresários, criando riqueza sem precisarem
de lançar revoluções disruptivas.
O Estado tem um papel fundamental a desempenhar, certamente,
mas de regulação e supervisão, não de propriedade e de gestão direta.
De um ponto de vista estritamente racional, continuar hoje a
defender a viabilidade e a bondade do modelo marxista, não está ao mesmo nível
de defender que a Terra é plana, mas pouco menos, tantas são as evidencias em
sentido contrário.
Então, se não é por racionalidade, será por emotividade?
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