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29 agosto 2025

Ser comunista (III)

 3)       Marxismo hoje

Quase dois séculos decorridos desde o estabelecimento das teorias de Karl Marx, os regimes políticos na Europa/Ocidente estabilizaram nos seus fundamentais e algumas experiências de marxismo foram realizadas por esse mundo fora, todas indiscutivelmente sem sucesso.

Deixando de lado as derivas criminosas como o estalinismo ou os khmers vermelhos, o certo é que a coletivização e estatização da economia não trouxeram prosperidade em nenhuma latitude onde foram testadas, pelos menos comparando com os países liberais e capitalistas. Funcionário dificilmente rima com inovador.

Alguns partidos socialistas europeus, que até incluíam o marxismo na sua certidão de nascimento, fatalmente colocaram-no na gaveta ao chegarem ao poder e ao serem confrontados com a realidade. Sim, falo da famosa frase de Mário Soares e também, por exemplo, da mais recente metamorfose do Syriza na Grécia.

Ninguém, no poder, defende largos programas de estatização da economia. As nacionalizações que vemos são boias de salvamento pontuais, lançadas a empresas “estratégicas” em dificuldade (por norma com sucesso muito questionável), mas não parte de uma política intervencionista geral.

Sem pôr em causa o modelo fundamental, os inquilinos do poder anunciam umas nuances publicitárias, a direita será mais amiga dos ricos e a esquerda dos pobres. A questão fundamental aqui é se o objetivo principal é acabar com os ricos ou acabar com os pobres.

As previsões de Marx de que quanto mais capitalismo, mais condições e probabilidades de uma revolução socialista também falharam redondamente. É a pobreza que cria instabilidade, não a riqueza. Apesar de algumas injustiças sociais que existem, as condições relativas da “classe operária” não têm comparação com as do século XIX e não faltam exemplos de operários que com capacidade e iniciativa se tornaram empresários, criando riqueza sem precisarem de lançar revoluções disruptivas.

O Estado tem um papel fundamental a desempenhar, certamente, mas de regulação e supervisão, não de propriedade e de gestão direta.

De um ponto de vista estritamente racional, continuar hoje a defender a viabilidade e a bondade do modelo marxista, não está ao mesmo nível de defender que a Terra é plana, mas pouco menos, tantas são as evidencias em sentido contrário.

Então, se não é por racionalidade, será por emotividade?

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