21 julho 2025

Barracas, não obrigado

Supondo que uma família portuguesa se desloca para Londres e não tendo condições económicas para se instalar dignamente, resolve improvisar uma barraca num dos parques da cidade. Estão a ver essa “construção” a ser tolerada e a manter-se de pé muito tempo? Estão a ver a “opinião publicável” local insurgir-se contra a demolição e a pedir uma humanitária manutenção da mesma? Não, não estou a ver nada disso acontecer e ainda bem, porque não é aceitável nem digno. O que fariam as autoridades locais e quais os apoios sociais existentes desconheço, mas a menos de situações transitórias, cada qual é responsável por criar e manter condições de vida digna para si e para os seus.

Supondo que em Portugal uma família “tradicional” perde a sua casa e constrói uma barraca algures lá no bairro, sem condições sanitárias nem de segurança mínimas. Naturalmente que a vizinhança esperará que a mesma seja demolida e não estou a ver muita tinta “solidária” a correr por esses editoriais e demais colunas publicáveis.

Sim, é necessário haver paraquedas sociais para aliviar transitoriamente dificuldades, independentemente de credos e origens, mas sistematicamente não e barracas não. Piedades infantis ou manipulações oportunistas de última hora não são solução para nada. 

19 julho 2025

Cavalo à solta


No pico do Monge, um dos pontos culminantes da serra de Sintra, descansa o meu cavalo. Com pouco mais de 20 meses de idade acumula quase 7800 kms de caminho percorrido. Aqui não estamos muito longe do local onde em 1966 25 militares faleceram ao combaterem um brutal fogo florestal. Na altura não havia o argumento das alterações climáticas, caso ocorresse hoje, certamente que a “culpa” seria atribuída às mesmas…

Alguns estarão talvez já a dizer, elétrica é para preguiçosos… e eu explico. Esta montada tem 3 modos de andamento. Não, não se trata de passo, trote e galope. É exercício, onde que com um pouco de assistência a compensar o peso e esquecendo o motor, se pode fazer exercício a sério, haja disciplina e vontade; passeio, com uma assistência mais generosa e reforçada nas subidas, terraplanando os percursos e diversão, com a assistência no máximo pelo monte acima.

Há aqueles que numa dada fase da vida pensam em comprar um Porsche, ou sucedâneo. Eu comprei esta máquina e tenho dúvidas de que seja menos interessante de utilizar. Vai a todo o lado e sai de qualquer “buraco” ou aperto. Seja perdendo-se nos caminhos da Bioria, seja atravessando a serra de Santa Luzia, cumprimentando os garranos, seja o que for e por onde for… passa sempre.

17 julho 2025

As comichões da ética

Empresa que se preze e preocupada em passar uma bela imagem a acionistas, decisores e público em geral tem uma lista de itens a garantir na sua imagem pública.

Preocupações com diversidade e equidade, ambiente e sustentabilidade em geral, altos padrões de ética e de integridade, preocupações de responsabilidade social e outras coisas mais que tal.

Mais do que mostrar preocupação é necessária apresentar iniciativas e estruturas, comissões e portais, objetivos e métricas, tudo sem mancha de pecado.

O problema real pode aparecer com a efetiva realidade. A título de exemplo, tive conhecimento de uma situação concreta e recente. Tendo sido enviada a uma dessas comissões uma exposição com uma dezena de pontos relevando e documentado atos ocorridos não conformes com o que se espera de quem anuncia altos padrões éticos, mesmo contrários à legislação em vigor e sendo solicitado um posicionamento da mesma, a resposta foi curiosa.

Depois de um mês de reflexão, ponderação, averiguação e eventual comichão, a tal comissão respondeu que o “assunto tinha sido reencaminhado internamente, que nada mais iriam fazer e passe bem”. Pelos vistos entendendo não ser necessário posicionar-se como solicitado nem tomar ações para evitar eventuais repetições.

Impressionante como um bom “Photoshop” consegue transformar em modernaças imagens e arrogâncias de realidades dignas do período do Estado Novo.

15 julho 2025

O processo que falta


Dentro deste vergonhoso folhetim da operação Marquês, parece-me faltar um processo, que seria o da família de Carlos Santos Silva contra o próprio.

Alguém “emprestar” centenas de milhares de euros e realizar outras “liberalidades”, com tanta informalidade e ausência de seguranças, a um individuo desempregado, sem ativos relevantes, só pode significar que por demência ou outra incapacidade qualquer ele está irresponsavelmente a desbaratar o seu património.

Para isso existe uma figura legal que se chama, salvo erro, inabilitação e que visa proteger os bens de alguém que declaradamente se mostra incapaz de o fazer. Na minha opinião, e de acordo com a “narrativa” apresentada, estariam reunidas todas as condições para Santos Silva ser inabilitado pela sua própria família.

11 julho 2025

Saber ou não saber


Quando em 2017 Pedro Sanchez se lançou á reconquista do PSOE, efetuou um longo périplo pelo país, no seu automóvel, acompanhado por três figuras próximas: José Luis Ábalos, futuro todo-poderoso ministro do “Fomento”, Santos Cédran homem forte da organização do PSOE e Koldo Garcia, o motorista, e posteriormente assessor de Ábalos.

Para lá de partilharem essa volta à Espanha a promover Sanchez, essas três figuras estão a braços com a justiça, gravemente implicadas num enorme escândalo de corrupção e de outras más práticas, relacionadas com o partido e o governo. Pedro Sanchez diz angelicamente que nada sabia e que para o futuro será mais prudente na escolha dos seus colaboradores próximos.

Por cá temos um ex-primeiro ministro em tribunal e esperemos que o processo seja rápido porque de espetáculos asquerosos já estamos cheios. Está bem que ainda não foi jugado, porque o tem tentado impedir de todas as formas, mas quem cabritos vende e cabras não tem… Além de outras práticas pouco habituais a quem gasta transparentemente o que ganhou decentemente.

No caso português, o problema parece ser apenas com o líder, e todos os seus colaboradores próximos nada viram, nada sabiam. Um mundo de diferença, ou talvez não…

06 julho 2025

O que matou Diogo Jota?


Dentro do largo noticiário e “comentariado” sobre a morte dos dois irmãos, há algo que me parece ausente, que é a razão do acidente. Certamente que conhecer as causas não os traz de novo à vida, mas o “positivo” das tragédias é, depois de identificar as causas, evitar a sua repetição.

Ouvi falar em rebentamento de um pneu e tal poderia ter a consequência ocorrida, mas, que diabo, não estamos a falar de um camião de uma empresa de transportes em insolvência cujos camiões usam pneus poli, multi recauchutados. Um desportivo topo de gama de um proprietário financeiramente são pode rebentar assim um pneu sem nenhum “ajuda” externa?

Não sei, não conheço suficientemente de pneumáticos nem do histórico de manutenção do Lamborghini, mas uma coisa conheço bem, é a infame A52 naquele troço e respetivo pavimento. Este é extremamente irregular e pleno de remendos mal-amanhados, que a tornam muito desconfortável, no mínimo.

Que um carro levezinho a alta velocidade tenha levantado voo numa daquelas irregularidades é extremamente fácil e provável. Foi isso, não sei, mas, se foi, a onda de solidariedade podia enviar alguns fundos para o governo espanhol colocar um piso decente naquela autoestrada e assim evitar novas tragédias. E, saber que foi isso, seria um sinal a navegadores futuros.