25 fevereiro 2022

Ucrânia


Entre tudo o que se disse e mentiu no passado recente sobre este assunto, há uma frase de Putin, que me parece relevante e verdadeira:

“A Rússia não se pode sentir segura, desenvolver-se, ou existir com uma constante ameaça vinda do território da Ucrânia moderna”.

Aparentemente, uma Ucrânia “moderna” constitui uma ameaça ao “desenvolvimento” da Rússia, na ótica de Putin.

A URSS perdeu a guerra fria porque o seu modelo de desenvolvimento foi ultrapassado pela dinâmica ocidental. Se países ex URSS quiseram e decidiram aderir à Nato e adotar um modelo político e social ocidental, não o fizeram pela pressão dos tanques e dos misseis “imperialistas” à sua porta. Fizeram-me por acreditarem que por aí teriam uma vida melhor.

A Rússia ver nisto uma ameaça pode-se compreender, mas o problema e a solução estão no interior dela e não no exterior. Que o queira resolver à lei da bala, só comprova a sua fraqueza.

Que idiotas úteis(?) tenham andado a insistir sobre a responsabilidade da Nato, que aliás andava vegetativa, na génese desta desgraça, só prova a sua imbecilidade. Que alguns possamos ficar com um pouco menos de calor e gás é sempre melhor do que outros ficarem sem vida.

 

14 fevereiro 2022

#Lítio acima/abaixo


Dizem que a sustentabilidade do planeta passa pela mobilidade elétrica, exclusivamente, que na tecnologia atual necessita de muito lítio para as baterias. Independentemente da origem da energia que carrega as baterias, que é outro tema – #lítio_acima!

Esse lítio necessário vem da extração mineira. De uma forma geral as minas e demais escavações não são vistas como boa vizinhança. No caso particular do lítio, talvez pela maior exposição mediática, a repulsa é larga - #lítio_abaixo!

A fileira do lítio terá certamente algum valor acrescentado e um contributo positivo para a economia do país. #lítio_acima!

A sustentabilidade do planeta passa pela economia circular onde se utilizam recursos renováveis, ao contrário da linear que segue uma sequência extrair-produzir-descartar. Portanto, sem estar clara a gestão do fim de vida das baterias, para já não renováveis - #litio_abaixo!

O melhor é ficar mesmo pelas bicicletas… e não elétricas!

10 fevereiro 2022

O bem sem o mal?


Não é a primeira vez que o senhor acima representado é por aqui citado. Admiro a sua produção literária, o seu humanismo (nem sempre de moda) e o seu discernimento.

Um destes estes dias passou pelas minhas mãos este livro, coleção de discursos e palestras por ele realizadas. Uma boa parte tem lugar nos anos seguintes ao fim da II Guerra Mundial e há um aspeto nessa ressaca da barbaridade que me interrogou.

Camus questiona o mundo em que vive, nomeadamente a sua desumanização. Não vou aqui transcrever o detalhe, mas há um sentimento de perda de referências e de dúvidas sobre o caminho e os valores do novo mundo. À partida, com a chegada da tão ansiada paz, depois de tantas atrocidades militares, do holocausto e do drama da ocupação e da resistência, em que o próprio se tinha envolvido ativamente, deveria ser uma altura mesmo de paz, de reencontro com a serenidade e a normalidade, num mundo em que não se massacram pessoas na mais absoluta banalização.

Na altura da guerra e da ocupação, havia o mal e havia a luta pela paz e pela liberdade, o bem. Este era um objetivo duro, mas claro e simples. Desaparecendo o mal, ficou o bem desorientado?

O bem só se consegue definir e estabilizar face a um mal? A mensagem de um Deus sem o contraponto de um Diabo, tem dificuldade em se afirmar e ser entendida, como a tese que sem a antítese não se aguenta? Não sei… talvez que se Camus pudesse ouvir isto diria, este tipo não entendeu nada, talvez… mas tentei!   

 

03 fevereiro 2022

Virar da página

A grande surpresa da maioria absoluta do PS nas últimas legislativas e este isolamento do PS nos comandos do país tem aspetos positivos e negativos. O fato de não depender e não precisar de negociar com partidos que advogam modelos retrógrados e falidos é, à partida, benéfico.

Por outro lado, o fato de ter menos contas a prestar é um perigo, que a última maioria absoluta dos mesmos ainda recorda, para quem se quiser recordar. No entanto, tenho dificuldades em identificar uma situação abusiva nos últimos 6 anos em que os seus parceiros tenham eficazmente criticado e travado entusiasmos socialistas. Desde que os rebuçados pedidos fossem distribuídos, os parceiros estavam felizes.

Vamos, portanto, esperar, de pé e atentos, para ver o que este PS sem o lastro da geringonça quer fazer. Gostaria de pensar que ela “desgironçou” de vez. Aquela fantasia da irmandade de esquerda era isso mesmo, uma fantasia. Vamos a ver, mas se começarmos por ver uma “socranete” como Presidente da Assembleia da República, começamos já bastante mal