Em 2001, os EUA entraram no Afeganistão para controlar o país que albergava os terroristas do 11/9. Hoje, 20 anos depois, deitam a toalha ao chão e retiram. Os ditos talibans, que já antes tinham dado água pelas longas barbas à URSS, avançam rapidamente, retomando o controlo de grandes partes do país, deixando em maus lençóis todos os que de uma forma ou de outra colaboram com os EUA e acreditaram numa sociedade mais aberta. Muito especial e dramaticamente as mulheres.
Por muito profundas que sejam as raízes tribais desse
movimento, a sua eficácia e subsistência não depende apenas dos calhaus da
montanha. Ao que parece é/foi o Paquistão, ali ao lado, que de uma forma mais
ou menos assumida lhes serviu de apoio. Um bocadinho acima do mesmo lado, está
a zona problemática da China, dos uigures, onde existem movimentos terroristas,
ETIM e outros, que parecem gozar de algumas facilidades no Paquistão e nas
zonas controladas pelos Talibans.
A China tem interesse no Paquistão, o corredor até ao Índico
da sua BRI atravessa todo o país. Os terroristas uigures atacam aqui interesses
chineses e estes puxam as orelhas aos paquistaneses.
Um destes dias uma comitiva taliban foi recebida oficialmente
em Tianjin (foto) e um dos objetivos, teoricamente alcançado, foi de obter um compromisso
da parte dos novos futuros líderes afegãos em como deixariam de apoiar os separatistas
uigures. Quem conhece o terreno, o histórico e as culturas tem dúvidas de que a
prática corresponda.
Entretanto, há gente no Afeganistão a voltar às trevas.
Sem querer particularizar excessivamente nos atores concretos
desta realpolitik, é uma vergonha para a humanidade assistirmos a estes retrocessos
brutais nos direitos humanos, caucionados por países e regimes representados
nas instituições internacionais e supostamente comprometidos com os princípios
básicos de respeito por esses direitos humanos. Seria mais útil e mais
interessante que a opinião pública se interessasse por isto e deixasse o Vasco da
Gama em paz.
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