A imagem das centenas de afegãos partindo no avião militar americano vai certamente ficar para a história. Este retrato tem dois tempos. Um é o da transição catastrófica que obviamente não tinha que ser assim e que demonstrou uma enorme impreparação e capacidade de previsão por parte de quem por lá andava há 20 anos, aparentemente com visão exclusiva de drone.
O outro tempo é o que agora começa e todo o sofrimento e
humilhação que sofrerão daqui para a frente afegãos e afegãs, elas muito mais
do que eles. Para os meninos e meninas excitados com as desventuras do
imperialismo ianque, consultem a história e respeitem quem sofre.
Para a história ficará também o discurso de J. Biden de que
aquela guerra não era a deles, que só lá tinham ido neutralizar uma base
terrorista e, quanto a isso, missão cumprida. Todas as promessas e expetativas
legitimas criadas aos afegãos e afegãs… “não é o nosso problema”. De um cinismo
revoltante. Pode ser a mais pura verdade, mas a imagem dos EUA como, apesar de
tudo, patrocinadores e garantes de um mundo livre e justo morreu e não foi
Trump que o matou, quem diria…
Tinha que ser assim? 20 anos de banho de mundo livre, ao
menos muito melhor do que o anterior, não podiam ter deixado uma marca um pouco
mais perene?
O que faltou/falta para consolidar o respeito básico pelos
direitos humanos neste país e noutros? Quando se vê a enorme quantidade de
gente que desses países quer migrar para o “Ocidente”, o que falta para nas
suas pátrias se conseguir implementar e consolidar um regime “Ocidental”.
Certamente algo mais do USDs (e rublos) e drones (e tanques). A questão é toda
… evolução cultural, sem preconceitos, remorsos, ignorância nem arrogância.
Demora tempo, sim. Mais de 20 anos, não sei. Desistir é que não serve.
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