Há cerca de 4 anos, Carlos Tavares, na altura com as rédeas da PSA, Opel e Vauxhall, surpreendia meio mundo no salão de Frankfurt ao afirmar que evoluir para exclusivamente veículos elétricos, era um sinal de que “o mundo está louco” e que os políticos estavam a tomar decisões sem pensar em todas as consequências e sem equacionar toda a preparação que tal mudança exige.
Recentemente, agora acrescentadas a Fiat e a Chrysler na
Stellantis (estes novis grupis têm sempre nomis assim sonantis), veio dizer que
o grupo vai mergulhar a fundo nos eletrões, a DS sem motores de combustão em
2024, a Alfa em 2027, a Opel em 2028 e a Fiat a 2030. É certo que a “Europa”
decretou o fim dos motores de combustão para 2035 e nestas coisas é inglório tentar
ser salmão e nadar contra a corrente.
É também certo que à velocidade a que estas tecnologias
evoluem, muito pode acontecer até deixarmos de ver pistões nestas marcas, mas
isto parece-me um pouco pôr o carro à frente dos bois. Se na bela Europa ainda
não se consegue garantir toda a mobilidade de forma elétrica, que dizer do
resto do mundo onde muitas vezes o fornecimento de energia elétrica para
necessidades básicas não está assegurado, nem ninguém pode prever se/quando
ficará resolvido.
E é ainda certo que, para os pequenos citadinos, o elétrico
carregado à noite faz todo o sentido. Mas, por curiosidade, ao consultar a
página da Fiat, um grande especialista de pequenos carros dentro do grupo
Stellantis, encontrei um Fiat Panda (até com um toquezinho de hibridação),
desde 11 470 Eur e o mais barato do outro lado que vi foi o novo 500
Berlina Action… desde 23 800 Eur. Uma certa diferença. Quando não houver
mais pistões, o Panda elétrico ou o seu sucessor vai andar porque preço? Em
termos de custo total de utilização, pode-se acrescentar que o Panda atual tem
um tempo de vida, custo de manutenção e desvalorização bem balizados, enquanto
do outro lado, a bateria… traz algumas incógnitas…
Daqui para a frente só dá para especular, mas palpita-me que
poderão eventualmente aliviar os apertos progressivos às emissões dos motores
de combustão. - Se são para acabar, não nos peçam para continuar a investir em
novas gerações de motores Euro X+1 !
E ainda, a Alemanha negocia com a Rússia a construção de uma
novíssima conduta de gaz natural… será para “descarbonizar” a mobilidade… ou
isso!
E ainda, como reagirá o nosso orçamento de Estado ao fim dos
impostos sobre combustíveis? Se já na aflição atual eles não largam nem um
cêntimo e preferem legislar sobre as margens … dos outros. Logo se verá, não é?
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