Fala-se em “maldição do petróleo” para descrever situações
concretas de países que, supostamente abençoados por largos e fastos recursos
naturais, acabam por comprometer o seu desenvolvimento a prazo e a criação de
riqueza e conhecimento de forma sustentada, soçobrando no fácil vem/fácil vai (a
ausência de dificuldades não aguça o engenho) e com todo um rol de más práticas
e de irresponsabilidade, eventualmente criminais, na gestão da riqueza que
chega sem esforço.
Felizmente Portugal não tem recursos naturais próprios, mas
talvez desde a pimenta da India e do ouro do Brasil que criamos um pouco o
hábito de gastar sem ter que nos esforçar muito em criar. A questão neste
momento não é, no entanto, atirar as culpas a D. João II. A questão é que a
famosa bazuca europeia, que se já pode começar a ir buscar ao banco, mesmo sem
kalachnikov, é mais um dinheiro fácil que corre sérios riscos de partir de
forma fácil.
Independentemente de alguma utilização racional, séria e geradora
de riqueza sustentável, quase apetece dizer… deixemo-nos de viver de donativos
e passemos a fazer pela vida com as nossas próprias mãos e cabeça. O histórico da
procurada e falhada convergência europeia sugere que a receita não funcionou
como se esperava. Fazer o mesmo, esperando resultado diferente, não é inteligente.
2 comentários:
Já começou pela segunda edição das "Novas Oportunidades".
Pois.. dinheiros novos, vícios velhos... só não sei se isto acontece por incapacidade de fazer diferente ou... outra coisa.
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