Durante várias semanas o “povo” sai à rua na Argélia para exigir a não recandidatura do presidente vigente, coisa que atendendo ao contexto expetável dessas eleições seria mais uma recondução garantida do que mesmo uma eleição. Desde que sofreu um AVC em 2013, Bouteflika está fortemente debilitado e muito desaparecido da cena pública, levantando sérias dúvidas sobre quem efetivamente mandaria no país. De acrescentar que a Constituição estipulava um limite de dois mandatos consecutivos, entretanto oportunamente alterada, e este seria o quinto … Mesmo o quarto, face à situação clínica do senhor na altura, que praticamente já nem falava foi um abuso.
A contestação, abrangendo largas camadas sociais, várias localidades do país e curiosamente, até agora, madeira toque toque, foi extraordinariamente pacifica. Um exemplo para o que se tem passado no outro lado do Mediterrâneo, onde os coletes amarelos com muito menos capital de queixa vão quebrando e incendiando o que lhes apetece.
Por vezes, diz-se que a história se repete, com diferenças. Há cerca de trinta anos, uma forte contestação popular, fortemente reprimida, com centenas de mortos, fez abalar o regime, forçou o multipartidarismo e a realização de eleições, ganhas pelos islamitas e oportunamente anuladas pelos militares. Na altura, foram buscar um histórico não contaminado, Mohamed Boudiaf, largamente reconhecido e apoiado pela população, que arregaçou as mangas para arrumar a casa. Aguentou 4 meses, até lhe rebentar uma granada aos pés, durante uma sessão pública.
Neste momento, para já há uma diferença. O poder não está a usar a força para contrariar os protestos, como o fez brutalmente na década de 80. De novo os militares mostram querer tomar conta da situação, “recordaram” a necessidade da aplicação do artigo da Consituição que prevê a substituição interina do Presidente, se for considerado incapaz…
Haverá um novo Boudiaf, nomeado ou eleito, que sobreviva mais de 4 meses e realize a transição que desesperadamente o país necessita?
A contestação, abrangendo largas camadas sociais, várias localidades do país e curiosamente, até agora, madeira toque toque, foi extraordinariamente pacifica. Um exemplo para o que se tem passado no outro lado do Mediterrâneo, onde os coletes amarelos com muito menos capital de queixa vão quebrando e incendiando o que lhes apetece.
Por vezes, diz-se que a história se repete, com diferenças. Há cerca de trinta anos, uma forte contestação popular, fortemente reprimida, com centenas de mortos, fez abalar o regime, forçou o multipartidarismo e a realização de eleições, ganhas pelos islamitas e oportunamente anuladas pelos militares. Na altura, foram buscar um histórico não contaminado, Mohamed Boudiaf, largamente reconhecido e apoiado pela população, que arregaçou as mangas para arrumar a casa. Aguentou 4 meses, até lhe rebentar uma granada aos pés, durante uma sessão pública.
Neste momento, para já há uma diferença. O poder não está a usar a força para contrariar os protestos, como o fez brutalmente na década de 80. De novo os militares mostram querer tomar conta da situação, “recordaram” a necessidade da aplicação do artigo da Consituição que prevê a substituição interina do Presidente, se for considerado incapaz…
Haverá um novo Boudiaf, nomeado ou eleito, que sobreviva mais de 4 meses e realize a transição que desesperadamente o país necessita?
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