Faço parte daqueles que entendem que a prática passada e atual da instituição igreja católica é muito frequentemente, e infelizmente, afastada dos princípios do cristianismo de Cristo. A promiscuidade com o poder, as perseguições aos “infiéis”, a fortuna ostentada, a beatice mesquinha e a limitação do espírito crítico são exemplos de coisas que não lhes ficam/ficaram bem.
Recentemente li estes dois livros sobre um personagem fascinante: Pierre Claverie, na sua última função bispo de Orão, na Argélia. Um deles é uma coletânea de textos seus, o outro uma biografia. A dimensão espiritual e a riqueza humana do seu discurso são notáveis.
Nascido na “bolha colonial” e ignorando “o outro” nunca disso se esqueceu, assumiu-o e tudo fez para o corrigir. Foi “pied noir”, nome dado aos franceses nascidos na colónia e regressados à metrópole depois da independência. Também foi “pied rouge”, os europeus que se instalaram na Argélia independente para colaborarem na construção do novo país. Aprendeu árabe e manifestou uma vontade e um empenho permanente em entender e respeitar o Islão: “Preciso da verdade dos outros”, dizia ele.
Cruzam-se aqui a ação e os princípios da igreja católica pós concílio Vaticano II, sendo forçoso reconhecer que se todas tivessem feito caminho semelhante, hoje não haveria tantas tensões religiosas na bacia mediterrânea. Podem torcer o nariz e o que mais quiserem, mas racional e objetivamente… essa é que é essa.
Pierre Claverie era um adepto do diálogo e da aproximação entre religiões, mas sabia “existir um abismo que nos separa”, que não se atravessava com grandes especulações teóricas, nem com ingenuidades superficiais. Só posso concordar. É inútil e pueril discutir se o meu Moisés é mais completo do que o teu ou se um profeta teve mais revelações do que o outro. O diálogo e a real aproximação só podem acontecer entre pessoas e é muito mais fácil quanto mais humano for o relacionamento. Daí a sua enorme paixão pelo contacto com todo o tipo de gente.
Na década de 90, durante a época do terrorismo, quando um francês religioso católico era visto como um estrangeiro não isento e, para muitos, pouco desejado, os seus textos, para lá de extremamente ricos de conteúdo, eram de uma objetividade, frontalidade e honestidade irrepreensíveis.
Morreu em 1 de agosto de 1996, despedaçado por uma bomba quando entrava em casa. Alguém achou que ele não merecia viver.
Recentemente li estes dois livros sobre um personagem fascinante: Pierre Claverie, na sua última função bispo de Orão, na Argélia. Um deles é uma coletânea de textos seus, o outro uma biografia. A dimensão espiritual e a riqueza humana do seu discurso são notáveis.
Nascido na “bolha colonial” e ignorando “o outro” nunca disso se esqueceu, assumiu-o e tudo fez para o corrigir. Foi “pied noir”, nome dado aos franceses nascidos na colónia e regressados à metrópole depois da independência. Também foi “pied rouge”, os europeus que se instalaram na Argélia independente para colaborarem na construção do novo país. Aprendeu árabe e manifestou uma vontade e um empenho permanente em entender e respeitar o Islão: “Preciso da verdade dos outros”, dizia ele.
Cruzam-se aqui a ação e os princípios da igreja católica pós concílio Vaticano II, sendo forçoso reconhecer que se todas tivessem feito caminho semelhante, hoje não haveria tantas tensões religiosas na bacia mediterrânea. Podem torcer o nariz e o que mais quiserem, mas racional e objetivamente… essa é que é essa.
Pierre Claverie era um adepto do diálogo e da aproximação entre religiões, mas sabia “existir um abismo que nos separa”, que não se atravessava com grandes especulações teóricas, nem com ingenuidades superficiais. Só posso concordar. É inútil e pueril discutir se o meu Moisés é mais completo do que o teu ou se um profeta teve mais revelações do que o outro. O diálogo e a real aproximação só podem acontecer entre pessoas e é muito mais fácil quanto mais humano for o relacionamento. Daí a sua enorme paixão pelo contacto com todo o tipo de gente.
Na década de 90, durante a época do terrorismo, quando um francês religioso católico era visto como um estrangeiro não isento e, para muitos, pouco desejado, os seus textos, para lá de extremamente ricos de conteúdo, eram de uma objetividade, frontalidade e honestidade irrepreensíveis.
Morreu em 1 de agosto de 1996, despedaçado por uma bomba quando entrava em casa. Alguém achou que ele não merecia viver.
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