Usei recentemente esta fotografia, tirada na casa museu Júlio Verne em Amiens, para ilustrar o texto abaixo copiado, de Fernando Pessoa.
Tenho mais pena dos que sonham o provável, o legítimo e o próximo, do que dos que devaneiam sobre o longínquo e o estranho. Os que sonham grandemente, ou são doidos e acreditam no que sonham e são felizes, ou são devaneadores simples, para quem o devaneio é uma música da alma, que os embala sem lhes dizer nada. Mas o que sonha o possível tem a possibilidade real da verdadeira desilusão.
Invocar estes temas associando-lhes um barco na casa do grande sonhador das “viagens extraordinárias”, não é coisa vã. No entanto, o barco da imagem não é a representação de nenhuma criação fantástica do escritor. Trata-se do real transatlântico “Great Eastern”, um enorme navio da altura, no qual J. Vernes viajou até aos EUA e lhe inspirou o romance “Uma Cidade Flutuante”. Onde pretendo chegar, e a ambiguidade da imagem quanto à natureza da viagem evocada para isso contribui, é à reflexão de que o limite entre os sonhos possíveis e os impossíveis, pode não ser tão clara como o entre ter sido um imperador romano ou falar com a rapariga com quem nos cruzamos todos os dias na rua.
Aliás, uma vez que Álvaro de Campos declarava “tenho em mim todos os sonhos de mundo”, seria interessante assistir a uma discussão entre ele e o seu “companheiro de quarto”, Bernardo Soares, quanto à classificação, binária, de cada um desses sonhos. Mesmo que não tem todos, todos, os sonhos do mundo e simplesmente sonha alguma coisa nova para cada novo ano, terá problema idêntico.
E desistir da Lua, por a achar inalcançável quando, mais tarde, ela poder passar bem próxima à nossa frente? Na dúvida é sempre preferível em tudo acreditar, mesmo correndo o risco de nada entender… do que o inverso.
Tenho mais pena dos que sonham o provável, o legítimo e o próximo, do que dos que devaneiam sobre o longínquo e o estranho. Os que sonham grandemente, ou são doidos e acreditam no que sonham e são felizes, ou são devaneadores simples, para quem o devaneio é uma música da alma, que os embala sem lhes dizer nada. Mas o que sonha o possível tem a possibilidade real da verdadeira desilusão.
Invocar estes temas associando-lhes um barco na casa do grande sonhador das “viagens extraordinárias”, não é coisa vã. No entanto, o barco da imagem não é a representação de nenhuma criação fantástica do escritor. Trata-se do real transatlântico “Great Eastern”, um enorme navio da altura, no qual J. Vernes viajou até aos EUA e lhe inspirou o romance “Uma Cidade Flutuante”. Onde pretendo chegar, e a ambiguidade da imagem quanto à natureza da viagem evocada para isso contribui, é à reflexão de que o limite entre os sonhos possíveis e os impossíveis, pode não ser tão clara como o entre ter sido um imperador romano ou falar com a rapariga com quem nos cruzamos todos os dias na rua.
Aliás, uma vez que Álvaro de Campos declarava “tenho em mim todos os sonhos de mundo”, seria interessante assistir a uma discussão entre ele e o seu “companheiro de quarto”, Bernardo Soares, quanto à classificação, binária, de cada um desses sonhos. Mesmo que não tem todos, todos, os sonhos do mundo e simplesmente sonha alguma coisa nova para cada novo ano, terá problema idêntico.
E desistir da Lua, por a achar inalcançável quando, mais tarde, ela poder passar bem próxima à nossa frente? Na dúvida é sempre preferível em tudo acreditar, mesmo correndo o risco de nada entender… do que o inverso.
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